domingo, 28 de outubro de 2012

Teve um carmelitano no começo de tudo...

Em 2004, pensei em fazer uma roda de conversa sobre partos no Parque das Mangabeiras. Liguei para lá e chamei o produtor de eventos. Aqui fala Roberto Zaponi. Ele me cumprimentou como se me conhecesse. Pensei, deve ser alguém que está lá há muitos anos e me conheceu na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, onde trabalhei 10 anos. Marcamos um contato pessoal. Pensei, Zaponi, parece que conheço este nome. Quando cheguei, quem era? O meu querido Roberto Zaponi, irmão da Marcinha Zaponi, lá do Carmo. Que satisfação. Contei da ong e ele imediatamente  convidou-me  a fazer parte do seu amplo projeto de ecologia para o parque. Passamos a desenvolver o tema Ecologia do Nascimento.
 E ali ficamos até agosto de 2012, quando nos pediram para sair por uma reforma. Retornaríamos em outubro. Ao ligar lá, ficamos sabendo que agora teríamos que pagar R$ 118,00 por hora para ocupar o local, o que daria para 4 horas R$ 472,00. A ong trabalha com voluntários, não temos recursos. Achamos um absurdo, a cobrança foi definida por decreto, assim  como o aluguel da praça da Estação pelo setor público, que motivou aqui o movimento Praia da Estação. 

A partir daí, já recebemos ajuda de advogados e pessoas que conhecem gente na prefeitura e estamos lutando para voltar ao parque. Foi sugerida até uma passeata. Registro aqui porque tem um carmelitano sensível que deu início ao projeto Roda Bem Nascer. Pena que ele foi embora e o seu projeto ambiental se diluiu em propósitos mercantilistas da nossa atual prefeitura.

Crônicas de Belo Horizonte

Conheci em Belo Horizonte, nestes 35 anos em que moro aqui, pessoas de destaque na literatura. Participava de movimentos de rua no dia da poesia e ajudava a distribuir o Saquinho de Poesia, famoso nas rodadas dos anos 70/80, circulava nas faculdades em tempos da ditadura e nos bares - do Maleta, da Fafich.O saquinho era feito por Régis Gonçalves e outros colegas que lembro o rosto, mas não me lembro agora o nome. Prometo assuntar. Quando o conheci já tinha um pouco mais de 40 anos e namoramos um pouco. Depois ,nos tornamos grandes amigos. Com ele, fui uma vez para Diamantina, quando falamos poemas em cima dos púlpitos das estátuas. Fizemos até poesia em grupo, na mesa do bar. Régis hoje trabalha na assessoria de comunicação da UFMG. Sempre o vejo no meu Facebook, que é o mais eclético possível, com a presença de dezenas de carmelitanos, colegas e militantes da ong Bem Nascer, família... Pois é, ele publicou esta história no Face, gostei e divido com vocês. Adoro fotos antigas, causos...

Pensando bem, acho que posso seguir a trilha de Luis Augusto de Lima e revelar também alguns encantos de minha família. Que mesmo sem fumaças aristocráticas revelou ao mundo algumas figuras de excelso talento e competência. Acho que posso começar pela prima Belinha que, em 1890, consumadas a abolição da escravatura e a proclamação da República, não assistiu impassível à derrocada econômica da família e resolveu tentar a sorte em Nova York, onde granjeou fama e fortuna, tendo se tornado a primeira diva sul-americana dos palcos nova-iorquinos. Como se vê pela foto que ela mandou de lá ao meu tetravô e seu pai, Coronel Juquinha, talento e bossa não lhe faltavam'.







Régis nasceu em 1940, na cidade de Santa Bárbara, MG. É sociólogo e jornalista.  Escreve desde a década de 60. Em 70, ganhou um prêmio literário com um livro de poesias. Estreou em 1984 com o livro Queima de Arquivo; em 1988, lançou uma coletânea de poemas - Opus Circus. Tem, engavetado e esperando publicação dois livros: O Atleta Hipocondríaco e Candongas d´Amores. 


ÁUREA DIAMANTINA

Chamar-se Áurea em terra de Chica
e morar na Palha.
Pedras faíscam
entre porcos, no lixo.

"Ai de ti, terra ímpia", o pastor
invectiva. 
A lama no entanto
arrasta
os propósitos mais
convictos.

Aurífera, diamantífera
prolífera 
mãe de cinco negrinhos.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Uma festa em minha casa, em 1989 mais ou menos. Meus queridos e eternos amigos Big Boy, Duda, Tarcisinho e minhas queridas irmãs.

domingo, 21 de outubro de 2012

Anos 70 de nossas saudades!

Janis Joplin...
Brigite Bardot de cabelo pega rapaz!


Nascia ali um dos maiores movimentos musicais do Brasil, a  Tropicália. aí estão grandes nomes da música popular brasileira, que até hoje nos brindam com suas genialidades..
O Ronnie Von era insuportável de bonito para nós!
Olha que gracinha do Jerry Adriani com carinha de menino...
Que vestido mais lindo, os anos 70 não enconomizaram  nas cores...
O tempo do long play, do compact disc. Até hoje eu curto um vinil!

Remédios também contam históriasQ

Que saudade do gosto de Elixir paregórico.
Tem sabor de infância, de mãe...


Todos nós tomamos quando crianças, pra ficar forte saudável.
O gosto erá horrível, mas tínhamos que tomar
óleo de fígado de bacalhau. Quem se lembra?

sábado, 20 de outubro de 2012

Sobre o medo da morte....

"Quando no quarto branco do hospital
acordei esta manhã
e ouvi o melro, compreendi bem.
Há algum tempo já não tinha medo da morte. Pois
nada mais me poderá faltar se eu mesmo faltar.
Então, consegui me alegrar com todos os cantos
dos melros depois de mim".


"Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim" 
(Álvaro de Campos)

"Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode mesmo ser que morra de repente. Mas morrerá em pleno vôo. O que é muito bonito".
(Rubem Alves)

"Como diz o poeta sagrado, ´para todas as coisas há o seu tempo, debaixo do sol; há tempo de nascer, há tempo de morrer`. Saber viver e também saber morrer. Cada poema se inclina para a sua última  palavra; cada canção se prolonga na direção do seu silêncio. Última palavra em que continuam a reverberar todas aquelas que a antecederam: silêncio onde ressoam os sons que o prepararam. Toda a vida é uma preparatio mortis e é por isso que a última palavra e o último gesto são um direito que ninguém lhe pode roubar. Ao corpo pertence o direito de dizer: `É hora de partir". (Rubem Alves)

"Preferia ser acordado pelo canto dos galos. Porque cantos de galos são mais que cantos de galos. Cantos de galos são lugares onde moram universos inteiros, cenários e tempos que podem ser reconhecidos por aqueles que em algum tempo de passado moraram neles". (Rubem Alves - O Retorno e o Termo)

Os galos ainda cantam nos arredores da minha casa, em Belo Horizonte, que mistura o pacato das cidades pequenas com o movimento das metrópoles. E quando eles cantam, acordam universos dentro de mim. Remontam-me à tranquila Carmo do Rio Claro e os amanheceres da Fazenda Água Limpa. E com o seu canto, a história se refaz em minha mente. Despertam meu pai Edmundo, minha mãe, Nivalda e leva-me para a infância, quando vivíamos todos juntos na Família do Chico Rasgado, como o papai costumava brincar.
Todos os dias, a Família do Chico Rasgado, saía aos finais da tarde pela várzea para passear. Meu pai era um homem tranquilo e tinha uma marca na testa, honestidade, o que legou a toda a nossa família.Como diz o meu irmão,Tião da Lola, nenhum descendente saiu do padrão. Os ancestrais deixaram um caminho aberto de honestidade e bondade, que se reflete na face dos novos Figueiredo Soares Pereira Vilela... Fica aqui a minha homenagem a todos os galos do mundo, que acordam universos em nós e saudades.

"Mas a alma, em meio à ruidosa monotonia da vida, continua a ouvir uma voz que vem nos intervalos. Continua a chorar ao ouvir uma melodia que não havida. Continua a ouvir a fala de um estranho que mora em nós, e que nos visita nos sonhos. Continua a ser queimada elas brasas da saudade de um lar esquecido, do qual estamos exilados. É bem possível que os sapos e as rãs vivam mais tranquilos. Para eles, todas as questões estão resolvidas. Mas existe uma felicidade que só nora na beleza. E esta a gente só encontra na melodia que soa, esquecida e reprimida, no fundo da alma". (Rubem Alves)
Esta foto me é muito cara. Aí está o saudoso Tio Milton de Araújo Pereira fumando o seu cigarrinho de palha e, como sempre, elegantemente trajado. Um homem que fez história em Carmo do Rio Claro, tendo sido professor de muitos de nós hoje com mais 50 anos. Tive com ele aula de Moral e Cívica, era um cidadão brasileiro e nos ensinou a amar a Pátria. Ao lado, a saudosa Déo, Deolinda, que faleceu há cerca de 3 anos (se não me engano). Sempre que ia entrevistar o Job, ela estava ali sentada em uma poltrona, tranquila e carinhosa. Fica aqui o meu abraço saudoso aos falecidos, que fazem parte da minha história e da história de Carmo do Rio Claro.

Na esquina da nossa casa, na antiga Rua XV de Novembro, hoje Camilo Aschar, havia um fotógrafo. Sua filha era nossa amiga, chamava-se Vevinha. Neste dia, levamos a pequena Alice para ser fotografada para a posteridade. A foto era só dela, que começou a chorar. Naturalmente, fui até ela, coloquei minha mãozinha e fui fotografada junto. Ela, de rosto assustado e eu, desarrumada. Ao chegar em casa, minha mãe, Nivalda, disse: Como você foi tirar uma foto deste jeito, minha filha? Respondi: Tirei, mãe, com o cabelo atrapalhado, descalça e com o vestido aberto atrás.
Ainda bem. Agora compartilho com vocês estes momentos dos meus cinco aninhos.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Um médico de coração!

No dia do médico, quero homenagear o nosso saudoso Dr. Luiz Introcaso Neto. Um médico de vocação, de coração, inesquecível presença da nossa infância. Eu lembro-me bem dele chegando quando estávamos doentes, só de chegar, nós nos sentíamos seguros. Ele colocando o álcool e fogo para desinfetar a injeção. O Job Milton contou vários casos do Dr. Luiz. Um deles:

Um dia, sua mulher chegou pedindo dinheiro para comprar alguma coisa. Ele falou: abre a gaveta, está cheia de Deus lhe Pague. Atendia sem pensar em dinheiro, recebia em verduras, ovos e Deus lhe Pague. Com certeza Deus está lhe pagando todo o bem que ele fez por cada um de nós da cidade de Carmo do Rio Claro. Chego a ficar emocionada em ver esta foto, que pesquei no Facebook em boa  hora.
Que Deus o tenha onde quer que esteja e que abençoe a toda a família!


Além de um excelente médico, homem que praticou a medicina no Carmo como a um sacerdócio. Nasceu em Muzambinho e se formou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1928. Dr. Luis Introcaso Neto era espirituoso. O Job contou algumas dele:

"Dr. Luis, tenho muito medo de morrer. Clamou a paciente.
Ele: muito simples, é só morrer que o medo acaba."

"Ele gostava dos pobres e de fazer gozações. Um pobre doente disse a ele:
- Dr, eu acho que preciso tomar Terramicina.
Dr. Luis respondeu: pra você, é terra em cima"

"A Elvira Baiana tinha um filho e o Dr. Luis estava tratando dele. Um dia, ela chegou ao consultório e disse:
- Dr., o remédio que o senhor deu, não ta fazendo efeito.
- E o que você acha que serve para ele?
Ela então foi citando uma série de remédios e ele anotando. A uma certa altura, Dr. Luis perguntou:
- É só Elvira? Mostrou o papel, agora assina aqui.
- Mas, doutor, o senhor é que o médico...
- Mas foi você quem receitou."

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Parabéns à nova Prefeita de Carmo do Rio Claro

Cida Vilela foi reeleita em Carmo do Rio Claro, com 39,9% dos votos. Em segundo lugar, ficou Juninho Nicolau com 36,8% e em terceiro, o Ângelo Pereira, com 23,93% dos votos.

Desejamos que Cida Vilela faça uma boa prefeitura, que coloque firmeza e a doçura feminina em suas decisões.
Novos vereadores Dr. João Carlos (PT), Jerson (PRTB), Juliano Pão de Queijo (DEM), Marcos Joaquim Batista (PSDB), Carlos Henrique (PMN), Wilber Moura (PPS), Zé Pequeno (PT), Lucas Carielo (PTB), Luiz do Piso (PR).

sábado, 6 de outubro de 2012

Palavras e histórias

As Panteras de boca de sino, década de 70.
Esses dias, estava almoçando no Hospital onde trabalho e, diante de um chuchu, comentei: Não gosto muito de chuchu, acho uma semgraceza! Meu colega, Sérgio, de Passos, quase morreu de rir, dizendo que há muito tempo não ouvia esta palavra, só lá em Passos.
Aí fiquei pensando em palavras. Palavras que, pronunciadas, nos remontam a tempos e histórias passadas.

Blusa de chiffon
 Blusa de banlon
 vestido azul celeste
, camisa volta ao mundo
, calça boca de sino
verde-limão,
 Aquele rapaz é um pão!
 rouge, pó de arroz

. O que foi feito da cor grená?


Momento mágico para as crianças era a chegada dos mascates, com suas malas de novidades. Numa destas visitas, papai comprou para nós blusas de ban-lon, cor de rosa e azul. Para compor o look, adquiriu saias plissadas, para nosso deleite. E para ele, é claro, comprou a camisa Volta ao Mundo. Que com as voltas que o mundo dá, desembarcou aqui neste blog para matarmos a saudades.
A camisa Volta ao Mundo era de nylon e super quente, mas foi o top da moda na década de 60.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Um ramalhete de flores!

Partiu a Dona Lola, com seus 95 anos. Ela morava na Rua do Cascalho. Era uma mulher de fibra. Gostaria de oferecer a ela um ramalhete de flores, retribuindo a seu gesto inúmeras vezes repetido de marcar sua presença nos velórios, colocando um raminho de flores ao pé do morto. Um recado delicado da parte dela. Tia Lola criou meu irmão, o Tião, que ganhou o apelido de Tião da Lola.Também Madrinha Ana, minha irmã, viveu alguns anos ao lado da dia, quando do falecimento da sua mãe, Maria Leonor, e com ela muito aprendeu.

Quem não se lembra das jabuticaba da Dona Lola. Ela fazia um verdadeiro esquema
de revezamento de famílias, para que todos pudessem degustar das deliciosas frutas do
seu quinta, um quarteirão de jabuticabeiras. Eu era pequena e estava lá disposta a chupar fruta até não aguentar mais,
ela decretou: Os meninos do Edmundo já podem ir embora! Era franca e direta. Fui
contrariada. As frutas da Tia Lola eram as mais doces da cidade.
Quero aqui solidarizar com a dor  dos parentes mais chegados, dos meus irmãos, Ana Maria e Tiãozinho que, com certeza, sentirão falta desta mulher, exemplo de fortaleza e longevidade. Recebam todos os meus pêsames!