domingo, 22 de setembro de 2013

Ponte Torta

(Foto de Edmundo Figueiredo)
Um pouco de cor e do Carmo de agora depois de todos os posts anteriores, um mergulho no passado.

O Carmo já teve

"O Carmo já teve um lindo jardim. Onde hoje estão os bancos Itau e Brasil, a prefeitura e a rodoviária., plantado sobre um antigo cemitério, construído por volta da década de 1920. Vovô Pipoca foi enterrado ali.Os ossos foram transferidos para o novo cemitério.O jardim foi plantado por Dona Nicotinha e tinha pinheiros enormes e um grande flamboyand vermelho. O jardim foi derrubado na administração de Zeca Santana. Na derrubada, a terra revirada revelou ossos e até objetos do antigo cemitério. E se revirar, ainda sai osso". (Do livro-Risos do Carmo)

Olha o Rio Sapucaí

Agora, se olharmos do Itaci lá pra baixo, vamos ver um mar de água doce, o Lago de Furnas engoliu os rios Sapucaí, Grande, Rio Claro. Mas era assim, largo e caudaloso. 

Veia lusitana



                                                         Todo  homem tem na vida
                                                         Uma porta aberta
                                                         uma varanda de sombras
                                                         E uma mulher andante
                                                         Louca e perdida pelas ruas da cidade.
                                                         O barbeiro.
                                                         O contador de piadas.

                            Todo homem tem inverno
                            Saudades
                            E sombra de paineira aconchegante
                            E garça branca no azul das águas.

                                                           Trago nos ombros
                                                           A gravidade da missa do galo
                                                           O sino da Igreja Matriz
                                                           E nenhuma serpente.

                            Vestidos de algodão
                            Trapos e homens de cócoras
                            Sorrisos sem dentes
                            Escancarados feito ventre de mãe.
  
                                                            Habitei minha infância à rua XV de Novembro
                                                            Atrás do Colégio das freiras
                                                            Ateei fogo em fósforos fluorescentes
                                                            Brinquei de boca de forno
                                                            Pique-no-ar
                                                            Mãe da Rua
                                                            E cavalinhos da “Oropa”.
  
                               Todo homem tem uma rua
                               Uma casa
                               E uma saudade grande
                               Arquivada e tatuada no M de sua mão.



Educação européia

O Carmo teve formação européia. De um lado, as mulheres. Foram educadas pelas irmãs da Providência, que vieram da França em 1904 pelas boas graças  e  empenho de Dona Maria Goulart, que iria com este gesto, refinar a educação das moças da época. Elas aprenderam a bordar, tocar piano, cantar, falar francês... Do outro lado, os homens. Receberam educação italiana por parte dos Irmãos São Gabriel, que ficaram na memória de muitos de nós: Matassa, Conrado, Irmão Giovani, Irmão Venceslau e outros que não me lembro agora (quem souber mande mais). Das freiras, me lembro da Irmã Marcela, Irmã Agostinho...
Duas das freiras que saíram da França para o longínquo terceiro mundo terminaram a vida em Carmo do Rio Claro. No cemitério, pode-se ver os seus túmulos.
Recebam nossas homenagens, todos os que contribuíram para a fina educação que recebemos e que perdura em nossos lares.
Recebo contribuição excelente de minha irmã, Ana Maria Vilela Soares, acadêmica e pesquisadora, fez a árvore genealógica dos Vilelas de Carmo do Rio Claro. Mandou-me correções para o blog, que estou fazendo neste momento. 
Disse que lembra-se "do Irmão Angélico, Irmão Wenceslau (Matassa), Irmão Lourenço, Irmão Afonso e Irmão Estevão. Das freiras, lembro-me da Irmã Marcel (essa não conheci, foi das primeiras), Irmã Estanislau, Irmã Catarina, Irmã São Carlos, Irmã Gabriel, Irmã da Visitação, Irmã Berta e Irmã Antoniela".


As freiras
As freiras da Congregação Irmãs da Providência chegaram em 1904, trazidas pela benemérita Maria Goulart.

Escola Normal
Foi fundada por Dr. Epiphânio Macedo, em 1929.

Na foto: Ângela Reis, Dagraça, Dedete, Cacilda, Verinha...
Milton de Araújo Pereira, pai do Job, chegou a Carmo do Rio Claro de vapor e depois de cavalo para lecionar, em 1917, aos 19 anos. Era de Guaratinguetá. Vinha atendendo a uma oferta de emprego para professor de Matemática e Português na escola do Dr. Lincoln Noronha, que ficava na Praça do Fórum. Sempre de terno impecável era de uma disciplina excelente. Cinco anos depois, casou-se com Lourdes Figueiredo, filha do Vovô Pipoca (apelido dado a Antônio Alves de Figueiredo) em 11 de setembro 1923.

Fundou o primeiro time de futebol do Carmo -  Team União Sportiva Carmelitana, o futebol recém-chegado ao Brasil ainda preservava o nome em inglês denotando sua origem. Era técnico de futebol e estava sempre vestido de terno. Morreu com 95 anos, em 27 de agosto de 1993. Viveu quase duas passagens de século. Fundou o cartório em abril de 1925, muito atuante na época da chegada de Furnas. Seus filhos: Job Milton Figueiredo Pereira, Lourenço Antônio Figueiredo Pereira, Antônio Benedito Figueiredo Pereira, Deolinda Figueiredo Pereira, Corina Figueiredo Pereira e Milton Luis Figueiredo Pereira.


Está registrado!

Da última vez que fui ao Carmo, o Job me disse que havia mais personagens para o livro "Risos do Carmo". Grande parte de nós não conhece, nem ouviu falar. Mas são carmelitanos e um dia existiram pelas ruas enfeitando os dias com a sua "loucura" e  diferença. Senti no Job uma premência de registrar. Aí estão eles.

PITIS
Uma figura! Era um homem alto. Morava na Rua do Porto. Conversava sem olhar para as pessoas. Tudo o que a gente falava, ela repetia.

ZÉ BEM BÃO
Alto, magrelo, de pescoço comprido. Falava fino. O jeito de ser dele era engraçado. Não sei casos dele. Deixo registrada a referência à sua figura.

PÉ E LOMBO E CASSIANO
Não cheguei a conhecê-los. Eram populares no tempo dos meus avós.
  
MARIA GORDINHA
 Era baixinha, gordinha, doidinha, não bolava nada. Morava no Bairro Santo Antônio.

NHÊ
Uma negra muda. Morava no fundo de uma casa na Várzea. Se alguém mexia com ela, fazia gestos de cortar o pescoço e sinal de cadeia, também levantava o vestido . A característica dela era a seguinte, só falava nhê, nhê, nhê.

LUCINDA
Baixinha, morena escura, falava tudo enrolado. Tudo o que ela ganhava colocava nos seios: feijão, arroz, ia guardando. Repetia: Bem bão! Bunito memo!

BRÁZ
Ê, mandioca boa - ele gritava pelas ruas. Bráz era negão de pés aleijados, que usava sempre numa precata (alpercata) de sola de pneu. Dava um grito que toda a cidade ouvia. Preto retinto. Morreu no asilo. Era muito querido de todos. Para as mulheres ele dizia: Ta boa patroinha?

MÃE DO MOITÃO
Era uma benzedeira conhecida por Dona Maria. Alguém foi lá e perguntou: Dona Maria, a senhora benze pelado? Ele se referia àquela doença que dá no couro cabeludo.

ZÉ RUÃO
Era pedreiro. Sei de um caso engraçado dele. Era aluno do Grupo Escolar Coronel Manoel Pinto. A professora mandou a classe fazer uma frase com a palavra suíno. Ele fez: O suíno foi à missa.

JOÃO CESÁRIO
Era guarda da prefeitura e vigiava a praça.  O Zolino falava grosso, estava meio tonto, urinando. João Cesário chamou-lhe a atenção.
- Quanto mais alta a árvore, mais bonito o tombo.

- João Cesário: “tronco também rola”.
BASILEU
Muito popular, morou na Vila Vicentina. Tinha uma das mãos aleijada e estava sempre com um porrete na mão. Se alguém mexia com ele, ameaçava com um porrete. Ficava sempre perto da Igreja Matriz sentado na lateral. A mãe dele foi pajem do Dr. Paulo Sawaya, grande cientista carmelitano, Tia Dalica contava. Tinha estatura média, moreno claro. Usava um chapéu de palheta redondo.

No tempo do Vapor

O que eu me lembro...

“Dois vapores circulavam pelo Rio Sapucaí antes da hidrelétrica. Os apitos eram ouvidos na cidade. O vapor Francisco Feio, desembarcava no Porto Carrito às segundas e quintas feiras. Sô Soares, marido da Tia Alice, Sebastião Soares, era gerente e responsável por despachar as mercadorias. Atrás do vapor, ia o barco com as cargas. Ele vinha de Fama e parava no Porto Ponte, onde todos dormiam (atual Itaci). Só depois, aportava no Porto Carrito. De lá, os visitantes embarcavam num trólemo, administrado pelo Vovô Pipoca que os levava até a cidade”.

O apito do Vapor São Cristovão é inesquecível para os que o ouviram. Era mais bonito que o do Xico Feio. O Vapor São Cristovão era administrado por Dr. Epifânio Magalhães Macedo e aportava no Porto Belo às quartas e sábados. O apito era muito bonito, longo e prolongado. Era ouvido da cidade.  A chegada do vapor era acontecimento importante no Carmo daquela época.. Em 1938/39 começaram a circular as jardineiras”.

(Job Milton Figueiredo Pereira)





Sô Soares

Sebastião José Soares, o Soares, marido de Alice Figueiredo era fluminense, natural de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Veio para o Carmo para trabalhar como gerente do Vapor Francisco Feio. Tinha um escritório no Porto Carrito. Era o gerente, encarregado de pesar as mercadorias. O Vapor Francisco Feio desembarcava neste porto, onde o Sô Soares tinha o escritório de café. Era telegrafista, sabia as notícias antes de todos, captando sinais do telégrafo no rádio. A família morava no Porto Carrito, onde tinha uma hospedaria. Os viajantes ali chegavam e iam de tróle para a cidade. À frente, havia uma grande paineira.

sábado, 21 de setembro de 2013

Galpão está em São Paulo.

O diretor de teatro carmelitano, Gabriel Villela, com o Grupo Galpão, que apresenta em São Paulo, Os Gigantse da Montanha. Ele é considerado um gênio no teatro e na cenografia. Carrega pelo palco as influências culturais de Minas Gerais e, particularmente, de Carmo do Rio Claro. Nesta peça mesmo, antes do espetáculo, há um repertório de músicas bregas que tocam em circos. Querendo ou não, você remonta à cidade e sua própria história.

"Face" a Face

Corina e suas filhas: Mônica, Ana Paula e Cizi, em ótimo astral! Lá atrás, o adorável Cizinho.

Alguma coisa acontece no meu coração...

Quando cruzo a Ipiranga e avenida São João. Minha irmã, Carla Soares, ama São Paulo. Aí, ela na Avenida Paulista, feliz da vida! Eu também tenho um carinho muito especial por Sampa. Vivi ali bons momentos na década de 70. O paulista é um ser muito especial, hiper profissional e muito acolhedor.

Personagens inesquecíveis.

Não, não é James Dean. É Toninho Soares, filho de Alice Figueiredo Soares e Sebastião José Soares. Um verdadeiro personagem, quase uma lenda na família. Aí, ele está em Aparecida do Norte e, como sempre, com um papagaio no ombro e um outro nas mãos. Olha a irreverência das roupas e o Fordinho.,
Ele teve um outro, que tinha um banco atrás, que aparecia ao se levantar uma tampa. Ali, ficávamos em criança dando voltas pela cidade. A Amantina, de família da Fazenda Água Limpa, contou uma cena verdadeiramente cinematográfica. Tio Toninho chegou à colônia, onde moravam os empregados e colocou todos no fordinho 29. Saiu pelo campo, desviando-se dos cupins e das árvores, na velocidade, para delírio da criançada. Ele mesmo era uma criança grande. Vovó contava que, no carnaval, ele fantasiou as galinhas e as libertou do galinheiro pela cidade.


Tia Maria, na foto com um papagaio, era a mulher do Tio Toninho. Quando juntos, ela punha a bota sete léguas e ia atrás dele caçar rãs, pegar passarinhos. O papagaio é a cara dos dois. Ela é ainda viva e mora em Alpinópolis, com mais de 90 anos. Conserva ainda este sorriso encantador e um espírito positivo. Na foto, com Renato e o filho Carlos, em Ventania.

Casos do Job!





Algumas expressões entram para a fala dos povos naturalmente. Em Carmo do Rio Claro, décadas de 50/60, algumas delas fazem parte do acervo de casos do Job. Um dos personagens que legou expressões foi Antônio Negrinho. Veja o relato do Job:

"Ele era parecido com o Grande Otelo, baixinho, muito fino e educado. Criou um bordão aqui no Carmo e até hoje ainda se costuma ouvir nos círculos dos mais velhos. A primeira vez que o disse, estava diante do  seu patroa, que zelava a esposa morta. Ele consolou o viúvo com um tapinha nas costas:
- Cumé que encrenca assim criatura!

Um comerciante seu amigo emprestou a ele uma certa importância. Ele foi pagar e o comerciante não  quis receber. Não, seu Antônio, não precisa não, isso é do senhor, pode ficar com o dinheiro. Ele respondeu:
- Não, faço questão de pagar. Eu quero deixar a minha vida mais consoante".

Morreu ou não morreu?

Outro dito que se popularizou foi a partir da seguinte história. 
"Houve um enterro de Neca Luís (Manoel Luís Marques) e, naquele tempo, usava fazer discurso no cemitério. Um sobrinho resolveu discursar no túmulo e começou:
- Tio Neca morreu, morreu pois aí jaz inanimado. Mas Tio Neca não morreu, porque seus exemplos  ficarão para seus amigos e parentes. Mas Tio Neca morreu... Mas Tio Neca não morreu...
Aí, alguém muito espirituoso, o Chico Monteiro, disse em voz alta:
- Morreu ou não morreu? Se morreu, vamos enterrar, se não morreu, leva de volta.
A partir daí, toda a vez que havia dúvida sobre qualquer assunto na sede do GEC, o Sr. Emídio Marinho, que era funcionário do clube, perguntava:
- Tio Neca morreu ou não morreu?

sábado, 14 de setembro de 2013

MEMÓRIA - Personagem Inesquecível!

A Vaninha, da WS, que levou o artesanato do Carmo para o Brasil e exterior. Que criou maravilhas de suas sagradas mãos de tecedeira. Uma querida amiga, sempre tão bem humorada.

 Realizou na Fazenda Água Limpa um evento histórico, poucos meses antes de sua partida. Homenageou os negros, ali representados pela Família Alcântara, fazendo com que entrassem pela porta da frente, onde foram recebidos pela família. E os "brancos" pelo porão, onde fez um caminho de velas. Houve a missa cantada, antes da Família Alcântara alcançar a grande escada, ao lado da fazenda e cantar as músicas de raiz negra. Um dos chãos foi enfeitado como nas procissões.

 Neste dia, vieram visitantes italianos, que iam fazer um intercâmbio do Carmo com o artesanato de lá. Eles ocuparam a cozinha da Fazenda Água Limpa e ali, fizeram um autêntico macarrão. Enquanto, no fundo, chegaram os tropeiros, vestidos à caráter, com suas capas, que mais tarde, estenderam no chão para dormir. Fizeram café com rapadura e feijão tropeiro, lá embaixo. Para completar, as delícias da cozinha carmelitana com suas quitandas, doces e iguarias finas. Tem um toque europeu nesta elegância carmelitana, as freiras francesas educaram as mulheres e os irmãos italianos, os homens.

Convidados importantes

Entre os convidados, um representante da ONU e a mais tradicional família quatrocentona paulista, entre eles, a mãe do Luciano Hulk. Não tenho as fotos, mas minha irmã, Ana Maria deve ter, vou pedir. Mas disse a Tata, minha outra irmã, que foi um momento sagrado e emocionante. A fisionomia das pessoas reflete isto. À noite, o funcionário da ONU chamou Tata e disse-lhe: por que não transforma isto em um hotel? Não precisa fazer nada, quero trazer meus filhos aqui do jeito que está. Então, Ana comprou cobertores, consertou a fiação elétrica, depois de um sonho onde Tata via a casa pegando fogo. Eu mesma, inúmeras vezes, antes desta reforma que transformou em nova a Fazenda Água Limpa, eu sonhava com suas paredes caindo. Era um constante pesadelo. Joaquim e Toninha começaram a reforma da casa. Há um ano e meio, chegou a Valerinha, minha sobrinha, que trouxe de São Paulo muita experiência e está ajudando a impulsionar a fazenda que, hoje, está completamente reformada. Linda! Está aberta à visitação programada.

Mas, voltando à Vaninha. Foi ela a responsável por este momento sagrado e mágico que abençoou a Fazenda Água Limpa. Uma das maiores responsáveis pela visibilidade do artesanato do Carmo. Pelo aprimoramento da técnica. Uma vez, ela me exibiu um mostruário de tecidos que havia criado. Havia tecido em finos fios de seda, criou peças maravilhosas, em pequenos pedaços.

Pergunto ao João Antônio, meu querido, que está aí na foto com a mãe: cadê este mostruário? Ela partiu e deixou ainda obras de arte para serem desvendadas. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A saga da família Paineira

Um dos meus livros inéditos é o Hortência Paineira, Inventário das Águas, onde conto na forma literária a história da família Figueiredo, ali chamada Paineira, e de Carmo do Rio Claro, náufrago da hidrelétrica de Furnas. Todo o imaginário que pairava sobre a minha infância, a temida água, onde tantos morreram afogados. As perdas. As dores. As partidas para outras paragens. A pobreza nas ruas. O banzo no coração. Ainda antes, o tempo do vapor, do Rio Sapucaí, na época da Vó Alice. O Porto Carrito. Os diversos personagens que habitaram a minha infância e as ruas de Senhora do Carmo, onde poesia, verdade e mentira se misturam para contar uma história, para registrá-la, sanha de jornalista e escritora.
O próximo passo é dividi-lo com vocês que, com certeza, vão se identificar, pois é a história de todos nós. Eu o dividi com o primo Tom, que partiu há pouco, nos deixou desalentados e com saudades que se esparramarão pelos dias. Ele me enviou, via e-mail este comentário que hoje muito me honra. 


"Eis que termino, náufrago nas águas de Furnas, o seu magnífico
Hortênsia Paineira.

   Se as emoções contam, posso dizer que passei por todas, com
destaque para a urdida melancolia de seu texto, ainda que o fecho
seja impregnado de humor.
   Prometo para breve considerações talvez consistentes, talvez não,

como sempre ocorre.

   Nesse momento estou apenas transmitindo o impacto que a sua
fabulação teve sobre mim, com o relicário da incrível saga dos 
Paineiras". 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Registro

Você está ouvindo a UEC, União Estudantil Católica. A música cobria a tarde em Carmo do Rio Claro. Esta armação em frente a igreja era a rodoviária e, no canto esquerdo, ficava a rádio da UEC. Atrás, a matriz antiga, que foi abaixo nos anos 60. No jardim, pequenos arbustos. Atrás da igreja, ainda se pode ver o casarão da Zirica, onde aconteciam os bailes no tempo da vovó Alice.

Minha irmã, Ana Maria Vilela Soares, está sempre de plantão, acrescentando informações e também corrigindo possíveis erros. Informou: "O casarão pertenceu à D. Gabriela Umbelina Vilela, que era filha do Cel. Manuel Pinto Vilela, casada com Tio Adolfo Pinto Vilela.e mãe, entre outros, da Zirica. Tudo isto está no meu livro às páginas 387 e 413 (Genealogia da Família Vilela).  Quanto mais corretas estiverem as informações, melhor".


Um dia que não vivi!

ai que saudade eu tenho dos bailes de outrora, das valsas bem rodadas ... nas noites de cirandas... da noites de lua, o baile da saudade dancemos na rua... já não se dançam mais estas valsas tão lindas, que falta que faz ó lembranças infindas, exaltação divina da lira sonora, o baile da saudade dancemos agora...

Sempre tive gostos distintos na minha adolescência. Adorava fados e Francisco Petrônio, só pra contrariar. Estas fotos antigas do Carmo trazem saudades de um tempo que não vivi diretamente,  traz ares do meu pai e da minha mãe. Mostra um Carmo e um dia que não vivi. Pela tenda montada, era dia de quermesse...

Saudade gostosa

A nossa turma, na década de 70, chamava a Casa da Nivalda de Capital do Carmo. Ali, vivenciamos momentos de alegria e descontração com nossas enormes turmas. Os vizinhos costumavam chamar o concorrido alpendre de bezerreiro, referindo-se a turma da Ludi, na época adolescentes. Nela, a Maria Flávia, a Tetê, os Alibertis, o Luiz Mazarollo, o César. Já a minha turma era dos mais velhos, o Big Boy, o Duda, o Marcelo Pimenta, o Flávio, o Luiz Eduardo Palacine ....Quando acabava o movimento no Bar XV, a turma ia para o nosso alpendre e a conversa rolava madrugada a dentro, com a mamãe de prontidão. De vez em quando, dava uma trégua e ia rebentar pipoca para a turma. O Marcílio, nesta época, prometeu a ela um pipoquete. Não é que agora em julho, lembrado pela Cláudia, minha irmã, da promessa, foi lá em nossa casa e levou o pipoquete. Pena que ele não traz de volta nossos queridos amigos que já partiram, como Tony, na foto abaixo, nem as risadas gostosas nas madrugadas, nem a nossa juventude. Mas, as lembranças da Casa da Nivalda, Capital do Carmo, vão continuar sempre na mente de quem passou por ali nos anos 70.