sábado, 20 de setembro de 2014

Museu Arqueológico Antonio Adauto - Um verdadeiro tesouro!

Da última vez que fui a  Carmo do Rio Claro visitei o Museu Arqueológico Antônio  Adaulto, um verdadeiro tesouro. Fui recepcionada por Suzana Leite, filha do Antônio, e que nasceu junto com o museu, quando as primeiras peças foram encontradas. Sempre tive curiosidade de saber como tudo começou. Então, com simpatia, ela contou:
Foto de Fábio Silva


“O primeiro achado foi de Seu Zeca Ferreira, do Barreiro.  Na região do Carmo existem cerca de 170 sítios arqueológicos”. O museu tem 45 anos e foi guardado por todos estes a nos na Fazenda Panorama, da família, por Antônio Adauto, um verdadeiro guardião. “Furando uma cerca no Barreiro” – continuou – “achou um  pote (que está no museu), com um buraco no fundo. O primeiro sepultamento era feito em um pote furado para drenar os líquidos, alguma coisa relacionada com o espírito. Eram enterrados com todos os pertences; em posição fetal. O tempo passava, tiravam os ossos e faziam um segundo sepultamento, em igaçabas menores, aproveitava-se a  urna funerária para outros corpos.  Os índios eram chamados Catuauá, homem bom; outros os chamavam Guararapes. O arqueólogo Edson Luis Gomes registrou tudo em fotos e fez do museu  matéria para sua tese de mestrado. Catalogou mais de 3 mil peças, entre urnas, machadinhas, mãos de pilão, ponta de flecha, cachimbos, ponta de lança, fundas, quebra coco. Segundo Suzana, tem ainda muita coisa guardada.
Foto de Fábio Silva - Veja na parede, as fotos de Renato Soares. 


A maior parte do tesouro arqueológico do Carmo está submerso no Lago de  Furnas. Os vestígios da civilização indígena estão em várias fazendas de Carmo do Rio Claro. Na Fazenda Água Limpa foi encontrada uma igaçaba que está no museu, além de machadinhas. Suzana conta que sua avó Flavita tinha 3 machadinhas. “Meu pai  pensava, todo mundo acha, por que eu não? Começou a procurar. E começou a achar. Quando a terra era arada, onde tinha vestígios arqueológicos a terra ficava mais escura, então, ele cavava. Também costuma haver pedaços de cerâmica. “Nasci e cresci dentro do museu. Quando ele começou a encontrar, eu tinha um ano. Ele me colocava dentro das igaçabas para ver o tamanho dos índios ali colocados, minha mãe se preocupava de pegar alguma bactéria. Ficava lá em posição fetal e ele analisava”..
Antonio Adauto, o velho guerreiro que cavou, encontrou e preservou o tesouro dos índios que viveram em Carmo do Rio Claro. Com certeza, eles foram exterminados pelos bandeirantes. Deles, só restaram os utensílios, cujo ventre da terra preservou.


Na região de Carmo do Rio Claro – segundo Suzana – tem dois sítios arqueológicos Tupi Guarani, seus vestígios estão em cerâmicas trabalhadas, achamos que eles vieram do mar fugindo para  o interior. “Existem sítios de acampamento dos Guararapes ou Catuauá, oficina, habitação, cemitério e cerimonial.  Na Fazenda Panorama ficava a oficina de flechas, muitas pontas de cristal foram encontradas na região. Segundo meu primo Ricardo Pereira, na verdade, elas são de sílex, o cristal é muito duro, não dá para ser moldado.
Suzana começou a sair com seu pai para achar também. Só ele encontrava. Então, passou a ir à frente e encontrou a sua primeira ponta de flechas, tinha 13 anos. “Fiquei tão feliz, achei tão importante”.

Visitar o Museu Arqueológico Antonio Adauto é uma verdadeira viagem. No acervo: fusos de rede, brincos de orelha, adornos de cabeça, pingentes, objetos cerimoniais e utensílios de uso cotidiano; tem até um meteorito.  Suzana contou que uma vez foi visitar o museu um índio Kraô, diante de uma das peças ele cantou. Perguntei por que cantou?  Ele disse que  a peça traz o equilíbrio para a aldeia dos opostos, o frio e o calor, a seca e a chuva e só cacique e o pajé  podem pegá-la. Enriquece ainda mais o museu a fotografia do mestre Renato Soares, que mostra cenas dos índios do Xingu.

O Museu funciona de terça a domingo; de terça a sexta feira, 8h às 11h30 e de13h às 16h30. Sábados, de 9h às 11h30 e das 13h30 às 16h30. Domingos, de 9 ao meio dia.

https://www.facebook.com/museuarqueologico.antonioadauto?fref=ts


Que leveza!

Ed Figueiredo em uma exposição realizada em agosto, em Poços de Caldas, onde reside.  Na foto, dando entrevistas para uma TV local.



                                                                  Nome da foto: LEVEZA

Ornou

A poesia do primo Guel Vilela ornou com a foto de meu irmão, Edmundo Figueiredo.


"Não se apresse; no devagar é que a alma aquece, enobrece!!!Que a gente cresce,reconhece e agradece.Eu, também, sou terra revirada esperando semente e chuva(vida futura no ponto de eclodir/explodir!!!)"




Edmundo Figueiredo deu a esta foto o nome de 'Prece'

Casos do Coró - diretamente do Face


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6 h · Editado · 
De Furnas, do Vicente Seleiro, de Nen Cabral, da Venda e do Zimbo
A construção da Usina Hidrelétrica de Furnas teve início em 1958 e a primeira unidade entrou em operação em 1963. A construção dessa usina, uma das maiores da América Latina na época, permitiu que se evitasse o colapso energético no Brasil, na década de 60. Seu reservatório, localizado no curso do médio Rio Grande e um dos maiores do Brasil, tem 1.440 km² e 3.500 km de perímetro, banha 34 municípios de Minas Gerais. A inundação de áreas férteis trouxe prejuízos para os agricultores e também afetou bastante o comércio daquelas 34 cidades.
No Carmo, até a inundação promovida por Furnas, por volta de 1960, trabalhava Vicente Seleiro, que tinha sua selaria onde hoje é a Pizzaria Kafona, da Dora. Ali ganhava a vida e sustentava a família fazendo arreios, bacheiros, cabrestos e outros acessórios para montarias. Antes de ter sua própria selaria, Vicente trabalhou para Nen Cabral, como empregado. Nen trabalhava na coletoria, era colega de Lucas Ferreira, Lulu, irmão do Tãozinho. Mas Nen Cabral, além de boêmio, também era empreendedor e tinha uma selaria sem nada entender disso. E mantinha lá empregados para ter uma renda extra.
Após a inundação esse comércio “fracassou”, como atesta o próprio Vicente. As pessoas andavam muito menos a cavalo, pois as águas impediram o livre trânsito dos animais e dos cavaleiros. Resolveu mudar de ramo e abriu uma venda onde até hoje é sua residência. Sua casa fica em frente à casa que pertenceu ao Farid Achcar, pai do Ralê, do Paulo e Marcos Achcar, e acima da casa do Zuzu. Nessas vendas vendia-se de tudo. Desde mantimentos (arroz, feijão, etc, tudo a granel) até ferramentas, panelas, doces, bebidas, cigarros e por aí vai.
 
Nessa época também era conhecido no Carmo o Zimbo, outro boêmio, tocador de bandolim, pedreiro e mais enjoado que cachorro de madame. O Zimbo não era muito chegado ao trabalho, bebia muito e gostava duma cachacinha. Conseguia beber várias em muito pouco tempo e, depois de “calibrado”, tornava-se um chato de galocha.
Coincidentemente, no dia que o Vicente Seleiro estava montando sua venda, colocando os produtos nas prateleiras, separando as mercadorias, anotando preços, enfim, uma confusão total, sem nenhum espaço no balcão, chega o Zimbo para inaugurar e batizar a venda. Falou alto, com aquele tom carregado de alguém que já bebeu algumas: “Vicente, põe uma caprichada aí prá mim.” Ao que Vicente, com a cabeça quente com tantos afazeres, respondeu: “Ah Zimbo, tenha dó. Não vou vender pinga agora. Volte depois.” Mas Zimbo insistiu carregadamente: “Vicente, põe uma pinga aí Vicente.” Vicente vendo que não ia ser fácil se livrar de Zimbo, pegou a garrafa, colocou um copo em um dos pratos da balança que ficava em cima do balcão, já que este ainda estava cheio de mercadorias e perguntou ao Zimbo: “Tá bom Zimbo, quanto vai de pinga então?”. E o Zimbo, olhando para a balança e o copo, mandou para o Vicente: “Ah Vicente, bota aí umas trezentas gramas pra gente ver quanto dá.”
Esta história me foi contada pelo Ângelo Pereira Leite e depois eu obtive detalhes com o Vicente Seleiro e com o Branco, seu vizinho. Demos boas risadas.


Opção no Carmo...

Visite a página no face https://www.facebook.com/hotelfazendatormenta

Um dos casarões históricos de Carmo do Rio Claro é hoje o Hotel Fazenda Tormenta.

domingo, 7 de setembro de 2014

"Face" a Face

Hélcio e Dodora
Capturei do Face os comentários engraçados do Hélcio, atentando para o "carmelitanês"
“Tava relendo os posts e, gozado, reparei que só aí no Carmo há expressões q. qdo ouço hoje, me causam estranhamento: " andar no passeio"; "apaixonado com" e a melhor "quantas horas são"! E as palavras que qdo falo por aqui o povo olha espantado? Ridicar, ramona, gominha, A primeira vez que, aqui, pedi uma gominha no caixa de um banco a fulana me olhou como se eu falasse um dialeto.


Agora que as mulheres estão ridicando até ramonas alguém pode me dizer quantas horas são pra eu dar uma volta no passeio da praça e comprar iano. É que tô apaixonado com chiclete ping pong e vou esquecê-lo com iano. Depois cavuco o côco do forrobodó e o dinheiro que sobrar eu ajeito com gominha. Chipra, que sábado será esse? Mas pra adoçar lambo um calú e tomo suco de uvaia. Pra rebater q tal uma garrafinha de Grapete?

Você se lembra de algum dito do Carmo?

Casos do Coró

Do Burro, de meu pai, do Dourado e do Miguel


"Os equinos adquirem hábitos e conseguem reproduzi-los por anos e anos seguidos. Quem se lembra daquele Burro que puxava a carroça de carne do matadouro no Carmo? Aquela carroça de chapa galvanizada e que parava em todos os açougues e fazia as entregas? Todos se impressionavam na época em como o Burro parava sozinho nos lugares, sem necessidade do carroceiro intervir. Foi a partir daquele Burro que comecei a admirar esses animais. Nos primeiros anos como produtor rural, meu pai me ajudava na pequena fazenda que possuíamos no Carmo. Ele adorava cavalos e nasceu com o dom de conhecê-los, saber cavalgá-los e entendê-los. Digo que é um dom, pois assim considero. Há algo de sublime, superação e de diferenciação em saber lidar com cavalos. No filme Troia, o narrador da história ao tentar situar a época em que viveu, cita como referência “...Heitor, domador de cavalos...” e eu acho que fez isso por também entender que realmente essas pessoas receberam um dom.

Tãozinho, pai do Coró.
 Meu pai teve 12 filhos e somente um soube assimilar esse amor por esses animais e esse filho também foi agraciado por essa benção de ter empatia com eles. Meu pai certa vez comprou um cavalo do Paulo Automovinho – Paulo Melo, irmão de Pedro Antônio Melo (farmacêutico). O cavalo era muito bonito – meu pai sabia escolhê-los – era marchador e não tinha defeitos aparentes. Sabendo que ele não tinha dinheiro na época para comprar o cavalo, insisti para saber como adquiriu e em que condições o comprou. Ele não queria responder, era bastante autoritário e não gostava que interferíssemos em suas negociações, mas eu continuei insistindo e ele me disse que havia combinado com Paulo Automovinho que pagaria em “algumas” parcelas. Sabendo que o Paulo cobrava juros e que meu pai nessa época só recebia o salário de sua aposentadoria, que era pequena, e que minha mãe sempre despendia grande energia com essas inconsequências dele, chamei meu pai para irmos no Paulo e pagar imediatamente a dívida. Ele relutou, disse que eu não tinha que entrar nos negócios dele, mas acabou concordando e quitamos o valor com o Paulo. Ele disse então que o cavalo era meu, pois eu o paguei, mas que só poderia vendê-lo quando ele, meu pai, morresse. Meu pai deu o nome “Dourado” ao cavalo, pois ele era inteiramente amarelo, ou baio palha ou outra cor, mas realmente lembrava algo dourado mesmo. Nunca entendi bem as cores que os entendidos de cavalo as definem. Por exemplo, se o cavalo é quase preto, chamam de castanho, cinza é queimado, vermelho é alazão, tons palhas é baio, depois vem rosilho, gateado, tordilho e assim por diante. Somente as cores preta e branca recebem esses mesmos nomes. O Dourado era um cavalo manso, dócil, resistente e muito saudável. Foi a primeira experiência equestre de muitos sobrinhos, de irmãos, de filhos de amigos e de minhas filhas. Quando já velho e cansado, meu irmão sugeriu que o levássemos para um bom pasto e o deixássemos lá. Ficou conosco até morrer de velhice, aos 22 anos. Certa época nós o treinamos para puxar carroça. Ele foi o motor que durante anos entregou leite nas ruas do bairro Acampamento no Carmo, puxou muitas carroças de capim e levou também muito leite na antiga Coopercarmo. 
Paulo Ferreira, conhecido por Coró, um excelente contador de casos.

Certa vez, quando ainda vendíamos leite no Acampamento, eu pedi ao Miguel, nosso caseiro e retireiro, que arreasse o Dourado na carroça que eu iria na cidade com ele. Saímos do sítio, Dourado e eu, e seguimos para o Carmo. Quando passávamos pelo Acampamento, em toda porta de bar (havia 3 bares na rua principal) o Dourado insistia em tentar parar. Eu, inexperiente com cavalos, não entendia porque ele tentava tão forte e teimosamente, fazer aquelas paradas. Pensei que ele havia adquirido algum defeito incorrigível. Mas consegui ir até a cidade e voltar pelo mesmo caminho. Também na volta a mesma insistência do Dourado em tentar parar na porta dos botecos. Fui falar com o treinador de cavalos que o havia treinado. Ele morava em frente ao Hospital do Carmo. Disse a ele que o Dourado estava apresentando esse defeito de não obedecer às rédeas e que ficava tentando parar em alguns lugares. Daí ele me perguntou: “Esses lugares que ele tenta parar, por acaso, são os botecos do Acampamento?”. Eu respondi surpreso que sim e não imaginava como ele poderia ter “adivinhado” os locais onde o Dourado tentava parar. Daí ele respondeu: “Tá explicado, é que quando o Miguel vem entregar o leite, ele toma 6 pingas. Uma em cada boteco na vinda e outra em cada boteco na volta (segundo ele para abrir o apetite para o almoço), assim o Dourado se acostumou a parar lá.”. Não tive outra alternativa senão aceitar que estava mesmo explicado o “defeito” do Dourado".

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Quando La Paloma cobria a cidade de Carmo do Rio Claro...




Esta música afundou dentro de mim e quando vi estava no Carmo, década de 60/70. O Cine Guarani tocava o prefixo do filme. Quem já foi em cinema que tinha prefixo e que enchia a cidade com La Paloma? Coisa do Tãozinho. A gente corria: vamos logo,  já tocou o prefixo. Íamos para o cinema. Meu sonho era subir no camarote onde ficavam os namorados se beijando.

 Espere, a sessão vai começar. Está passando Dio Come Ti Amo e vou transbordar em lágrimas. Vou assistir cinco vezes um filme que foi um fracasso na Europa e no Brasil aconteceu. Fiquei sabendo do filme pelo alto falante do Cine Guarani que se parece em tudo com Cinema Paradiso. Quem quiser conhecer um pouco do Cine Guarani assista Cinema Paradiso. Até a paradinha para contar o fim do filme, quando a máquina estragava, ou o filme pegava fogo, aconteceu no Cine Guarani, com o Tãozinho, que Deus o tenha! Mamãe contava que, um dia, ainda mais atrás, ela estava no Cine Guarani, quando a tela começou a pegar fogo. Foi um fuzuê! Coisa de Carmo do Rio Claro das minhas saudades. Das nossas saudades, não é Coró?, amigo querido, filho do Tãozinho, do Cine Guarani.