segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Lançamento nacional de O Livro de Vestir

Meu livro será lançado primeiro em Carmo do Rio Claro, minha terra natal. Será no Restaurante Casarão, gentilmente cedido pela Selenice e contará com o patrocínio da Cachaça Coração de Minas e Pousada Campo Alegre. Você que me segue aqui neste blog está convidado a adentrar o closet de Izolita, vestir os seus personagens e conhecer estas mulheres de todos os tempos. Escrevo contos com nomes de mulheres há anos. Eu os reuni neste livro e criei a escritora, que também faz as roupas dos personagens. Ao vesti-las, a sobrinha Izaura veste os personagens. 
Mário Lúcio Arreguy, autor da  ilustração da capa, na foto durante o carnaval de BH.


Anote a data: 17 de dezembro, às 19h. Estarei lá autografando O Livro de Vestir. A ilustração da capa é de meu amigo, o artista plástico Mário Lúcio Arreguy, o design do livro é da minha filha Iana Otoni. 

Minha filhas Ayrá Sol e Iana Otoni, a designer do livro.



Foi lançado pelo  Clube de Autores. Se você não conseguir ir ao lançamento, pode adquirir o livro pela internet. Neste endereço:
http://bit.ly/olivrodevestir_

Casos do Coró!

"E em um sábado triste em Carmo do Rio Claro e ao som da "Ave Maria" Tãozinho anunciava um falecimento ocorrido no dia anterior na cidade. As notas de falecimento eram anunciadas 6 vezes: duas com o alto-falante direcionado para o bairro Cascalho, duas direcionadas para o bairro São Benedito e duas direcionadas para a Vargem. Durante os anúncios toda a cidade permanecia tristemente silenciosa, como que espiando a morte. O som da "Ave Maria" ainda permanecia por algum tempo. Após mais alguns minutos Tãozinho aproveita que já está no cinema mesmo, troca a música e anuncia o filme do dia. Era um faroeste italiano com Lee Van Cleef. Sem se dar conta da relação entre o velório e o filme faz o anúncio mais ou menos assim: "E não percam hoje no Cine Guarani a partir das 20 horas um "coboiaço" italiano: A morte anda a cavalo."
O Tãozinho, do Cine Guarani.

 O Coró hoje trouxe-nos a lembrança o Cine Guarani. Um prefixo musical antecedia a sessão do cinema, La Paloma. A música cobria o Carmo e, com certeza, fala fundo ao coração dos carmelitanos que viviam na cidade naquela época. Em casa: corre gente, já tocou o prefixo! O filme tinha intervalo, onde comprávamos balas. A vontade das crianças era subir no camarote, onde ficavam os namorados. Ali, assisti vários filmes de suspense, históricos, de cowboy, de amor. Chorei lágrimas e lágrimas para o inexpressivo Dio Come Ti Amo, com Love Story. 
Nesse tempo, a estrada era de terra e não era incomum o "conjunto" contratado  para tocar em algum baile ficar atolado na estrada. Esta foto mostra a estrada sendo preparada para o asfalto. E a saudosa Rural.

Ali também assisti aos shows dos Álamos, os nossos Beatles, com direito a gritos histéricos na despedida. Eles se vestiam à moda de Roberto Carlos, botinha sem meia, blusa apertadinha, colares. Os nomes? Pipo, Chilin, Zangado e ??? (alguém se lembra?). Ficavam hospedados no hotel do Zé Matilde. Eu era criança, devia ter uns 12 anos e os visitava no hotel, que inocência. Ainda bem que os tempos eram mais inocentes. No show, voavam balas para Os Álamos, que encantaram a pequena Carmo do Rio Claro numa época com poucas novidades. 

É uma brasa mora! O Iêiêiê estava em alta. E as roupas começavam a ganhar um outro estilo. No mundo, os Beatles revolucionavam. No Brasil, surgia a Jovem Guarda, a Tropicália, a Bossa Nova.
Os Álamos vieram com o Milton Luís, de São Paulo. Depois, teve show do Sérgio Reis, aí levei para ele um coração de papel para autografar. E a Silvinha; fui eu a escolhida para entregar flores para ela, já que era uma espécie de cover dela. Cantava pelas redondezas... Eu sou tão menina pra me  namorar, por que será então que eu fui gostar de um menininho tão mal prá mim... 
Acho que esta foto é do Edinho e seus Brasinhas, de Passos, que encantou o Carmo na década de 70. Tocou no GEC antigo.

Você tem histórias do Cine Guarani? Compartilhe conosco.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Uma carmelitana pelo bom parto!






Há 15 anos, a carmelitana Cleise Soares lidera um movimento pelo bom parto em Belo Horizonte, realizando rodas de conversa para gestantes e casais grávidos nos parques de Belo Horizonte. No próximo sábado, a  ONG Bem Nascer comemora as conquistas; desde sua fundação já atendeu a mais de mil mulheres. O aniversário será comemorado com uma celebração no Centro de Educação Ambiental - CEAM, no Parque das Mangabeiras, durante a Roda Bem Nascer Mangabeiras, a partir de 9h30. Os coordenadores pedem aos participantes que levem flores e frutos para um ritual de confraternização. A roda de conversa acontece no local desde 2004.

A ONG foi fundada pela carmelitana, a jornalista Cleise Soares, e o obstetra Marco Aurélio Valadares, com o objetivo de fazer a profilaxia da cesárea desnecessária e a divulgação do parto natural, humanizado e respeitoso. Faz parte do Movimento BH pelo Parto Normal e participa, ativamente, de audiências públicas e palestras em universidades e eventos relacionados.
 
Cleise Soares, a segunda à esquerda na primeira fila, em uma das Rodas Bem Nascer Mangabeiras.
“Para nós é uma alegria debutar. São quinze anos realizando rodas de conversa acolhendo as mulheres em suas demandas e dúvidas sobre a gestação, o parto e o nascimento, orientando, dando dicas e apontando caminhos favoráveis na capital para um bom parto. Hoje, somos a Família Bem Nascer e, neste sábado, vamos celebrar nossas conquistas”, declarou a presidente da ONG, Cleise Soares. “Convidamos os casais que passaram pela Roda para ali retornarem, darem seus depoimentos e celebrarem conosco”, convidou.


A Roda Bem Nascer é gratuita e não exige inscrições prévias. Está aberta para gestantes, casais grávidos e demais interessados. A Roda Bem Nascer Mangabeiras é coordenada pela jornalista Cleise Soares e a doula Rosana Cupertino e acontece sempre no último sábado de cada mês, 9h30. No segundo sábado, 14h30, ocorre a Roda Bem Nascer Municipal, em um auditório, ao lado do orquidário, no fundo do Parque Municipal. Coordenam esta Roda as doulas Daphne Bergo e Isabel Cristina dos Santos.
A ONG Bem Nascer conta com uma equipe multiprofissional na disseminação da cultura do parto respeitoso e da assistência humanizada ao nascimento.



sábado, 22 de outubro de 2016

Grande perda!

Esta praça de  Carmo do Rio Claro ficava onde hoje estão a prefeitura, os bancos e a Onda Sul. As árvores foram plantadas pela Dona Nicotinha Paiva. Ela dizia que cada machadada naquelas árvores foram dadas em seu coração. Foi derrubada na gestão Zeca Santana. Antes desta praça, havia aí um cemitério. Os ossos foram transferidos para o outro, nem todos. Job Milton conta que ao revirar a terra havia muitos ossos, crânios, relógios (as pessoas eram enterradas com a roupa que morria). Tia Dolores lembra dos meninos jogando futebol com os crânios. Tétrico, não? Houve aí a profanação de um cemitério. Tudo bem. Coqueiros e flamboaiãs cobriram os ossos. Revirados de novo quando da derrubada. Eu me lembro que, depois de derrubada, restou ali um descampado. Pra quê foi derrubada? Até hoje nos perguntamos.

O Carmo seria mais fresco com esta praça. Uma grande perda! 

Saudades do Ga TOM!


   
Tom Figueiredo era publicitário e escritor. Ficou famoso na década de 1980 quando ganhou prêmio internacional com a propaganda do cotonete. Era filho do Coronel Job Figueiredo, irmão da Vó Alice, fundador da Hípica de Campinas, onde também é nome de rua. 

Tom Figueiredo chegou para nós, em Carmo do Rio Claro, nos últimos dois anos de vida. Passou a frequentar o Carmo e as rodas de família. Era espirituoso e excelente contador de casos. Em um carnaval, frequentamos o Bar do Caruncho, todos os sobrinhos, primos se reuniam em volta do Tom, rendia boas risadas. Depois, diria que foi o melhor carnaval da sua vida. Um dos reveillion melhores da família  também contou com sua presença. Foi realizado na cozinha, onde uma placa dizia: e a sala nem fez falta! Naquele mesão, ouvimos o Tom cantar em capela, contar altos casos, aliás, amanheceu conversando com o Tião da Lola e a Maísa. Uma noite inesquecível.

Ontem, o face anunciou seu aniversário. E muitos amigos o saudaram e disseram das suas saudades. Aqui, manifesto as minhas para o conhecido GaTom, este lindo jovem de olhos azuis.




 

Neste anos, trocamos contos e poesias. Enviei a ele o Hortênsia Paineira - Inventário das Águas, que será publicado no próximo ano. Veja o que me respondeu:

Querida prima: 

   Eis que termino, náufrago nas águas de Furnas, o seu magnífico
Hortênsia Paineira.
   Se as emoções contam, posso dizer que passei por todas, com
destaque para a urdida melancolia de seu texto, ainda que o fecho
seja impregnado de humor.
   Prometo para breve considerações talvez consistentes, talvez não,
como sempre ocorre.
   Nesse momento estou apenas transmitindo o impacto que a sua
fabulação teve sobre mim, com o relicário da incrível saga dos 
Paineiras, cujo sangue (destemperado!) corre também em minhas veias.


domingo, 16 de outubro de 2016

Fazenda Água Limpa, uma experiência inesquecível!

Foto de Edmundo Figueiredo
A Fazenda Água Limpa fica no município de Conceição Aparecida, mas é considerada um tesouro de Carmo do Rio Claro. Os proprietários da fazenda são da cidade: Joaquim José Vilela Soares e Toninha Carvalho Soares. Atualmente, a casa é aberta para visitação. É um verdadeiro museu vivo, todinha mobiliada com móveis de época. No porão, estão expostos os utensílios de agricultura, de cozinha, da tecelagem que lá existia, carro de boi, lampiões e lamparinas, partes do moinho e muitos outros tesouros que contam uma época. A casa conta com 39 janelas e está totalmente reformada. Pode-se agendar visita com café colonial ou almoço mineiro caseiro.

Vale à pena. É como entrar no tempo. Casa de pé direito alto, fresquinha, pois tem enormes porões embaixo. Móveis austríacos, o fino artesanato carmelitano nas camas e nas mesas, combinada a hospitalidade incomparável mineira faz da visita à Fazenda Água  Limpa um acontecimento inesquecível. 

Atualmente, os produtos D´Águalimpa são vendidos na feira de agricultura familiar, aos domingos, na praça da Igreja Matriz. Nela, Valéria Soares se esmera em queijos temperados, coalhada seca; Lucília estreia nos bolos e o Beto garante a verdura orgânica. Quem mora no Carmo tem hoje esta opção. 

Delícias da Fazenda Água Limpa...

Peça o seu pelo telefone (35) 9 9992-0402 que levamos até você.
Visite a página no facebook.

https://www.facebook.com/pg/fazendaagualimpamg/posts/?ref=page_internal




Que moda é esta?

Casamento da Eliane. Na foto, a saudosa Maria do Carmo, a mais elegante. A da Maísa é de longe a mais engraçada. A da Cléa, pudica de tudo. A roupa da noiva é linda.

Casos do Coró

O Coró, Paulo Ferreira, filho do Tãozinho e da Dona Sissi, é um excelente contador de histórias. É um observado e coletor de histórias. Ele as publica no facebook. Já disse a ele para reuni-las e publicá-las. Tomo aqui a liberdade de reproduzir dois 'causos'.

 Eu me lembro bem de João Glostora, do Barro Preto. Era uma peça! Coró lembrou uma de suas pérolas:

"E como diria João Glostora com suas pulseiras e correntes de ouro, camisa com dois botões desabotoados, bem vestido, cabelo com brilhantina muito bem penteado e sempre perfumado:
"Dinheiro? Nós temos.
Carros? Os melhores.
Bonitos? Nós somos.
O que mais elas querem?"

Norzinho e Tãozinho (?)
Do Bala

"Um dia o Balla, pai do Ari, do Tomix, avô do Renato e do Eduardo Balla, foi lá em casa fazer um conserto elétrico, e minha mãe ofereceu um café. Ele em casa fazer um conserto elétrico, e minha mãe ofereceu um café. Ele perguntou se o café estava bem quente e minha mãe disse que talvez não, pois o havia feito já fazia algum tempo. Donde ele recusou e disse que gostava de café tão quente, mas tão quente que, ao toma-lo, se cuspisse em algum cachorro, o cachorro tinha que sair ganindo de dor pela queimadura."

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Elisa!

Elisa Januário Carneiro era seu nome. Filha do Sô Chico e da Sá Maria, retireiros do meu pai na Fazenda Água Limpa. Elisa chegou ali menina, jovem, ajudou a criar os filhos de papai, Edmundo Figueiredo Soares e Maria Leonor Vilela Soares, que morreu com 36 anos. Depois, ajudou a criar as crias de Nivalda Pereira Soares. Ela foi uma mãe pra todos  nós. Era a fortaleza! Benzedeira das melhores! Não havia verruga que resistisse quando Elisa a cortava com ramos. "Cozia" problemas nos ossos. Benzia de mal olhado. Eu costumava ligar pra ela me benzer de longe. Hoje, ainda faço isto com a Tia Dolores, outra poderosa! Quando a carga está grande, a ela eu recorro.

Elisa é minha personagem. Em 'Hortênsia Paineira' ela é Raimunda. Deixo ali eternizada esta, que chegou de pé no chão, empregada da casa, e morreu matriarca da família. Em seu enterro, lágrimas rolaram de todos, filhos e netos de coração. Uma perda lastimável e uma saudade eterna! Um dos seus mantras: "trabalhar é uma oração!". Lavava e passava com perfeição. Fazia roscas e pães deliciosos! E a melhor bala delícia de Carmo do Rio Claro.  Quando a escuridão baixava sobre a Fazenda Água Limpa da minha infância, onde não havia luz elétrica, Elisa providenciava, colocava um chumaço de algodão embebido em óleo e trazia a luz pra nossa vida. Se a gente espirrasse, Elisa trazia o chá. Precisava ir ao dentista, quem levava era ela. Acontecia alguma coisa, como quando o Edmundo caiu da cadeira na cristaleira e cortou o braço, era a primeira a tomar providências; envolveu-o em um pano e correu para o médico. Com Elisa por perto, eu não tinha medo de nada, desde criança.

Ainda vivem no Carmo duas irmãs, a Bebel, com a filha Fabiana e a neta; e a Djanira, que reside no asilo de idosos. Outro irmão, o Apolinário, mora em uma cidade vizinha. O pai do Nado, do Tim, do Paulão, do Dito era irmão da Elisa.

Fica aqui a minha homenagem a esta outra mãe que tive o privilégio de ter!
Em tempo, perdoe-me Elisa por expor a sua foto. Ela detestava fotografia. Esta deve ter sido tirada sem que ela percebesse;

Casos do Job! (Vale à pena publicar de novo)

Dizem que Amadeu Carielo - o pai do Paulinho (nosso cantador) - era engraçadíssimo. De uma sutileza! Vou contar uns causos que ouvi do Job Milton.


"Um grupo de políticos estava na sede da prefeitura (onde ele trabalhava), no fundo do corredor. Um dos funcionários entrou correndo na prefeitura com medo de um cachorrinho atrás dela. Ela se dirigiu ao grupo de políticos. Amadeu, vendo a cena, comentou:
- Escapa de um cachorro e cai numa cachorrada!"

"Ele era contínuo e estava servindo um coquetel para um general da 4ª Região em visita à prefeitura. O general comentou com o prefeito Nonô:
- Essa represa deve ter demorado a encher.
Aí, Amadeu, que não tinha nada com isto, retrucou:
- Isto não obsta, senhor general.O Maracanã é muito maior e enche à toa!"

FOI PARA O RIO DE JANEIRO

"Ele queria ir para o Rio de Janeiro, gostava muito do Rio! O prefeito era o Zeca Santana, ao mesmo tempo ingênuo e bruto. Amadeu pediu a ele um vale para viajar. O prefeito disse: fala com o contador, que ele arranja o dinheiro. Ele não foi falar, sabia que o contador iria negar, então, ele voltou no gabinete. O prefeito perguntou:
- E aí, arranjou o vale?
Amadeu: "Falei que o senhor mandou fazer o vale e ele me respondeu que o senhor não manda nada aqui.
O Zeca ficou louco. - Não manda o quê! Foi lá e determinou que entregasse o vale. - Quero mostrar se eu mando ou não mando! Dá o vale pro Amadeu!
Ele então saiu balançando as notas na mão e foi para o Rio de Janeiro.


A Antônio Adauto nossa homenagem!

Foi escavando anos e anos, com cuidado, em suas terras, que Antônio Adauto Leite colheu e preservou mais de três mil peças indígenas, utensílios, igaçabas, flechas, cachimbos e muitos outros objetos. Hoje, estão no Museu Arqueológico Antônio Adauto, em Carmo do Rio Claro. A comunicdade carmelitana e, muito mais, a humanidade deve a ele a preservação da história dos índios, ali dizimados, os verdadeiros donos desta terra. Visite a página do Museu na internet.

https://www.facebook.com/museuarqueologico.antonioadauto?fref=ts

Conhece Policena, a achadeira?



Vocês conhecem a santinha Policena? Ela entrou recentemente para o rol de santos da família e desbancou Santo Antônio para achar coisas. Ela foi descoberta numa das caminhadas da família Soares no Caminho da Fé. Encontraram uma ala de santos negros e lá estava ela, a Policena. Do lado, a oração: "Nas profundezas do escondido. Policena mostra a luz. Policena acha..... Policena de Jesus." A partir daí, ela foi adotada pela família e é uma achadeira de primeira. Meu primo Tom Figueiredo, pouco antes de morrer perdeu todos os documentos no Carmo. Depois de cancelar cartões e etc, foi convidado pela Tata, minha irmã, a rezar para Policena. E a oração aconteceu na esquina da Rua Dr. Monte Razo, em frente a casa dela. Passado um tempo, um taxista passou e disse, ei, você é jornalista? Tô desde ontem te procurando, perdeu uma carteira? Olha, eu não costumo fazer este caminho, agora sei porque virei aqui. A partir daí, Tom se encantou por Policena e escreveu até um artigo sobre isto. Ele, um ateu convicto, pouco antes de partir, teve contato com o mistério.

A partir daí, passamos a pesquisar. Quem foi Policena Barbosa? Descobrimos em um  livro de Pedro Nava, Galo das Trevas, trechos em que dizia que era uma escrava e que achava tudo e perguntava, quando eu morrer, como é que vocês vão fazer? Não se  preocupem, vou continuar achando. Não foi bem com essas palavras, vou mandar o link onde encontrei o trecho com a fala própria da Policena. Ele leva lá.
Detalhe,ela  era de Belo Horizonte.

http://bit.ly/2eoNPs2

sábado, 8 de outubro de 2016

A chegada das águas em Carmo do Rio Claro

Quando represaram nossos rios juntaram Rio Grande, Rio Sapucaí, Rio Claro e saíram por aí comendo terras, degustando árvores e deixando paisagem de pântanos, árvores , muscos e matos morrendo dentro da água e nós, como peixes desavisados, entalamos nos buracos de tatu, nas cercas de arame farpado, nos redemoinhos.
Olha a água na paisagem.

Mães nas casas coração na mão, filho meu nadando no aterro de Santa Quitéria e podem voltar mortos. Foram tantos. Uma mãe recebeu não só um filho e o desespero é quase desvario, Chegaram duas filhas gêmeas, a irmã mais velha e uma vizinha. uma tentando salvar a outra.

Tudo foi triturado lentamente os bichos os rios as árvores e nós, na beira água não fomos poupados e também vimos nossos filhos serem tragados pela água. Os fazendeiros gritando, não vou vender as terras, não vou negociar, casas mobiliadas tragadas. Carmo do Rio Claro naufragou como Noé sem arca. Chovia enfiado, casas mofadas. Dias e dias embernados debaixo das cobertas. E os pernilongos, eles aumentaram e muito depois das águas.
A balsa que corta o lago nos dias de hoje.
Esta foto do meu irmão Edmundo Figueiredo tem o nome de Socorro!
História
Quando a hidrelétrica de Furnas chegou a Carmo do Rio Claro, virou ponto turístico. Os visitantes iam até o canteiro de obras. Uma vez fomos com algumas visitas do Rio de Janeiro. Quase morremos de medo ao atravessar as gigantescas torres. De cima, víamos os operários, que pareciam formiguinhas. Enquanto isto, a região era invadida pelos candangos, pessoas de todo o Brasil foram para o Sul de Minas, dispostos a trabalhar na hidrelétrica. Os que chegaram ao Carmo ficaram no Acampamento; esta é a origem do nome deste bairro. A obra, feita em moldes nada ecologicamente corretos trouxe transtornos e tristeza para a população local. Muitos perderam as melhores terras. 
"As águas alagaram as várzeas em que o povo plantava alho, arroz, feijão e cobriram as árvores que davam lenha para os fogões. Alguns acharam muito ruim perder as terras, mas reclamar de que jeito? As boiadas que passavam diariamente pelos Rochas indo para Três Corações sumiram. Ir para Fama ficou muito difícil. As festas minguaram. A jardineira que ligava Alfenas a Paraguaçu, passando pelos Rochas, parou de circular. Acabou tudo. (Depoimento de Sebastião Teodoro Rocha, morador de Fama, 89 anos de idade, Jornal dos Lagos, n. 2269, 5 de maio de 2007, p. 5).

A cidade [Carmo do Rio Claro] só tinha lavoura de milho e arroz. Os fazendeiros entraram na Justiça contra Furnas e alguns chegaram a armar os empregados. Houve quem quisesse apossar dos fuzis do Tiro de Guerra. Vieram 50 soldados do Exército de Pouso Alegre para retirar os que não queriam sair de suas terras. Com a represa pronta, o Carmo morreu, o povo passou fome, muitos foram embora para Boa Esperança, Areado e Alfenas (Depoimento de Pedro Ricardo de Carvalho, morador de Carmo do Rio Claro, 66 anos de idade, Jornal dos Lagos, n. 2269, 5 de maio de 2007,p. 4).

A construção da Hidrelétrica de Furnas estendeu-se de 1958 a 1962. A usina, com capacidade de 1,216 milhão de kW, começou a funcionar em 1963. O reservatório de Furnas desapropriou aproximadamente 5 mil propriedades e inundou cerca de 500 mil ha agricultáveis (Jornal dos Lagos, n. 2269, 5 de maio de 2007, p. 2-3)