Essa poesia, minha irmã Fatinha encontrou na Internet, lembra o Grupo Escolar Cel.Manoel Pinto e nossa saudosa infância. E a foto da flor, por sinal maravilhosa, é do Edmundo Figueiredo, meu irmão, que me enviou gentilmente para ilustrar a poesia.
A flor e a fonte
Vicente de Carvalho
"Deixa-me, fonte"
Dizia a flor tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!"
Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte..."
"Não me leves para o mar."
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,"
"Balanço do berço meu;"
"Ais claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu...!"
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
"Adeus, sombra das ramadas,"
"Cantigas do rouxinol;"
"Ai festas das madrugadas,"
"Doçuras do pôr do sol;"
"Carícias das brisas leves"
"Que abrem rasgões de luar..."
"Fonte, fonte não me leves,
"Não me leves para o mar...!"
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a fonte e a flor...
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