sexta-feira, 23 de setembro de 2011

VEIA LUSITANA


Recebi esse texto do meu querido irmão, Edmundo Figueiredo, que acordou um dia às seis da manhã inspirado e gerou essa poesia. E essa foto lindíssima, ao fundo a Serra da Tromba, acredito que ele tenha tirado lá na casinha do Guel.

MEGALOMANIA HÍDRICA

Era uma vez um rio,

Que, apesar de grande,

Sonhava, para seu brio,

Se tornar mais gigante.

E, olha só que desatino,

Cresceu muitas vezes, mil,

Peças pregadas pelo destino,

Virou represa o que era rio.

O povo, desconfiado,

Com as águas nas vargens,

Via aquelas cenas, admirado,

Estatelado em suas margens.

A água, subindo, devagar,

E alguns não acreditando,

Não querendo fraquejar,

Só puderam ver o resgate chegar.

E, no olhar do resgatado,

Um misto de medo e vazio,

Não se avalia em que estado,

Deixou seu coração, o rio.

Fortunas em terras se foram,

Tal qual areia entre os dedos,

Para fazendeiros que choram,

O que será do futuro, seu medo.

A cidade se quedou, empobrecida,

Era fila de pobres nas casas,

De gente que carecia de comida,

E ainda não tinham dali, batido asas.

E olha que não foi pouca gente não,

Que foi prá outras bandas,

Defender seu ganha-pão,

Levando consigo, saudades, nada brandas.

Mas o tempo das vacas magras,

Tinha seus dias contados,

Foi findando, aos poucos, nestas plagas,

Mesmo tendo tanto tempo durado.

E como não há mal que não se acabe,

Os bons tempos de fartura,

Ironia do destino, nunca se sabe,

Voltaram graças a represa, sua formosura.

E o mar de água doce,

Antes desgraça da cidade,

Virou a redenção que o rio trouxe,

Contrariando o início, a novidade.

Hoje não vivemos sem ela,

A riqueza é dela grande parte,

Pelo fato de ser tão bela,

E inspirar diversas artes.

E, no frigir dos ovos,

A saga deste rio aventureiro,

Virou, para todos os povos,

Gigante e de turismo, roteiro.

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