terça-feira, 7 de junho de 2011

NO TEMPO DAS HIDROVIAS...

Nós não vimos esse tempo, a geração da década de 70. Vimos a hidrelétrica chegando e o lago se implantando. Então, vamos imaginar. O Rio Sapucaí serviu nos séculos XVII e XVIII de rota para as inúmeras bandaeiras, que partiam da Capitania de São Paulo e Rio de Janeiro em busca de tesouros para a corte portuguesa. As cidades cresceram às suas margens. Navegavam pelo Rio Sapucaí vários vapores. Dona Celeste Noviello, conta:
"O Sul de Minas já conheceu sua hidrovia no século passado. As balsas impelidas por grandes varas deslizavam pelo rio Sapucaí, carregando mercadorias e passagem. Essas balsas, presas em cabos e roldanas, transportam, ainda hoje, pessoas, animais, veículos de uma margem para outra.
Em 1892 surgem os barcos a vapor. O primeiro vaporzinho a descer as águas do Sapucaí, chamava-se Guapy. Em 1910 surgiu a Navegação Fluvial do Sapucaí. Subsidiada pelo Estado, a empresa possuía um itinerário e horário regulares.
O vapor alojava 20 passageiros ou mais. Os porões eram destinados às cargas, conforme encomenda. Eles eram projetados com cabines para passageiros, dormitórios, cozinha, posto do piloto, sanitário..."
Gente, pensa bem que chique o vapor! As senhorinhas viajando com seus leques, deslizando pelo Sapucaí.
Era anunciada sua chegada nos Portos por um apito estridente. Os vapores do Sapucaí eram famosos, lembravam os do Mississipi, nos Estados Unidos, porém menores. Temos os nomes:Guapy, Wenceslau Brás, Júlio Bueno, navegavam no percurso do porto Cubatão, localizado entre Cordislândia e Paraguaçu, Porto Volta Grande (Careaçu) até o porto Sapucaí (Santa Rita do Sapucaí).
As últimas viagens do "Wenceslau Brás", datam de 1933, quando as caldeiras foram apagadas. Mesmo com a extinção da Navegação Fluvial do Sapucaí, outro trecho do rio, de Fama até Carmo do Rio Claro continuou navegável até a década de 40...A viagem se inciava em Fama e passava pelos portos Amoras, Cabo Verde, Barranco Alto, Azevedo, Correnteza, Águas Verdes, Prado Leite, Ponte, Tromba e finalizava no Porto Carrito, município de Carmo do Rio Claro". (Informações do livro `Sapucaí - o Caminho das Águas/publicadas no livro O Quadro de Saudades/Celeste Noviello Ferreira)
Lá, minha avó Alice conheceu o avô Soares. Ele até fez um versinho:
ali se tem só ares do campo! Um poeta carioca da baixada Fluminense, exatamente, do Morro Agudo. O município de Comendador Soares faz homenagem a um parente do Vô Soares, na verdade, Sebastião Soares. Pois é, ele foi para o Carmo trabalhar como gerente do Vapor Francisco Feio, que aportava na fazenda do Porto Carrito, onde vovó morava. Já fiz um romance com essa história. Está lá no livro "HORTÊNSIA PAINEIRA - INVENTÁRIO DAS ÁGUAS, ainda inédito. No Porto Carrito tinha uma casa de dois andares, com um uma estrutura em forma de triângulo sobre a casa, ao centro. O Job Milton frequentou a casa, no tempo em que Vô Soares e Vó Alice ali habitavam. Adorava porque a vó Alice levava comida para as crianças debaixo da paineira. A vista, era do rio Sapucaí.
Mas no tempo do velho Pipoca, pai da vó Alice, havia ali, além do escritório do Vapor Francisco Feio - onde vovô trabalhava, uma hospedaria. Vô Pipoca também conduzia os visitantes num trole até a cidade.

Um comentário:

  1. Gostei das historia da navegação lembro-me muito bem porto carrito , da antiga chaminé da fabrica de manteiga .Nofinal 1962 fizemos muitos passeios,churrasco sob as paineiras . São boas lembranças . Antonio Peres

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