domingo, 19 de junho de 2011

Béééééé.....Béééé...

(Minha irmã, Carla, a Fazenda Água Limpa ao fundo)

(os sobrinhos no curral da Fazenda Água Limpa)

Uma das minhas mais cálidas lembranças é o amanhecer na Fazenda Água Limpa. Ele chegava com os galos e o berro das vacas, uma aqui, outra ali e, logo depois, estavam embaixo da nossa janela. Dali, vinha um cheirinho gostoso de esterco que, só quem é da roça sabe apreciar. Levantava, corria na cozinha, pegava uma caneca, punha açúcar no fundo e ia correndo, comendo o açúcar com o dedo até o curral. O leite descia morninho para nossas canecas, espumado, deixava um bigodinho branco em nossas bocas.

Já à noite, a minha lembrança é da mamãe (Nivalda) esquentando as sete mamadeiras em um fogareiro nas frias noites do inverno carmelitando daquela época, tempo de geadas. Ela enchia aquelas mamadeiras de vidro com aqueles bicões vermelhos e ia tratando as crias, uma a uma; dormíamos todos ao seu redor.

A gente mamava o morno leite, amor, a união dos nossos pais, o zelo, a noite com sua orquestra de grilos e sapos da várzea e o arrulhar das pombinhas no teto.

Minas é leite. Coalhadas, queijos, aliches, doces de leite....

Carmo do Rio Claro sempre foi pecuarista. Hoje tem fazendeiros que se destacam no cenário nacional como um dos maiores produtores de leite do Brasil – Antônio Carlos Pereira. Eu me lembro de ouvir, na casa da Monte Razo, todos os dias às 5h o motor da sua camionete ligando. Ele indo para a fazenda, venceu pelo esforço e trabalho. Inesquecíveis os queijos da cooperativa, o melhor cabacinha de todos os tempos. Ainda continuou sendo feito pelo Sr.(....), que infelizmente faleceu. Sempre ia lá comprar seus queijos e ele dizia que ninguém queria conhecer o ofício, que era difícil, tinha que enfiar a mão em água fervente...

Enfim, no Quadro de Saudades, de Celeste Noviello Ferreira ela conta mais sobre nossas premiadas manteigas do princípio do século.

“Carmo do Rio Claro sempre teve projeção nacional em produtos de laticínios.

Consta na história, sem registros oficiais que foi às margens do rio Sapucaí, construída a primeira fábrica de manteiga do Brasil e talvez da América do Sul, no Porto Belo, por iniciativa de Randolfo Fabrino, que se associou ao conselheiro Mayrink Veiga, estabelecido no Rio de Janeiro. Esta fábrica encerrou suas atividades em 1892, mas a chaminé resistiu ao tempo e foi, ainda em pé, coberta pelas águas da represa de Furnas em 1963.

Nos primórdios do século XX, o Brasil comemorou o primeiro centenário da abertura dos portos brasileiros à navegação internacional e foi, naquela época, 1908, realizada no Rio de Janeiro, uma exposição de produtos brasileiros. Nessa exposição a manteiga “Água Limpa”, fabricada na fazenda do mesmo nome, município de Carmo do Rio Claro, propriedade de Joaquim Braz de Carvalho Villela, foi premiada com medalha de prata. Estão guardados ainda na referida fazenda, o diploma, a medalha e latas (vazias) da manteiga.”

A Fazenda Água Limpa hoje é de propriedade de meu irmão, Joaquim José Vilela Soares.

Tem mais histórias do leite, conto depois...

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