sábado, 25 de janeiro de 2014

A família do casarão

A linda família da Mônica Vilela César!
A Corina com suas filhas. E o Cizinho ao fundo.

A Mônica vovó.
Em homenagem à família Vilela César, posto a história da Mocinha que muitos da minha época devem se lembrar. A propósito, alguém tem uma foto da Mocinha e da Quirina?

MOCINHA


Ela andava rajada de saias longas e com as mãos cheias de anéis de pedras de todas cores, anéis antigos. Mocinha morava no maior e mais imponente casarão da Praça da Matriz. Tinha os cabelos bem curtos, cortados rente ao coro cabeludo e todo branco. Os olhos eram azuis. Mas cegos. Mocinha, quando  mais nova, era completamente normal e aprendeu a escrever. Depois, ficou cega, surda e muda. Era brava, em sua quase incomunicabilidade. Cuidava dela a preta Quirina, de dentadura vermelha e dois bons olhos sempre marejados. As duas pareciam sair de dentro da história. Já então, personagens. 

Mocinha ficava brava e batia a bengala para todos os lados, quando a criançada puxava suas saias no jardim. Nossa vontade era entrar no quarto de Mocinha, onde só Quirina entrava e de vez em quando, sua sobrinha Size, que pulava suas janelas. O quarto de Mocinha que vive em mim está cheio de baús e prendas, de broches, colares, camafeus, anéis, lenços e sedas caindo pelas arcas. Diziam que só ela limpava seu quarto. Então, imaginávamos baratas, aranhas e morcegos no quarto de Mocinha. 

Ela era uma das amigas de vovó Alice. E de vez em quando pedia, escrevendo em nossas mãos, sabonete. Perfumados, cheirosos. Restava-lhe o olfato.

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