sábado, 24 de maio de 2014

Pra frente Brasil!

Eu tinha 13 anos, e me lembro bem da Copa de 70. Pela primeira vez víamos a Copa ao vivo e a cores pela televisão. Eu ia assistir os jogos na casa da Dujinha, no casarão que já foi derrubado, na Praça da Matriz.


Era muito emocionante. No entanto, vivíamos numa alienação geral. A ditadura estava nos seus mais duros dias, prendendo, torturando, matando, exilando as melhores cabeças, os nossos artistas e intelectuais. As rádios anunciavam: Brasil, ame-o ou deixe-o. O mais terrível governante desta época negra, o Médici. Ele usou e abusou da Copa e dos jogadores para enaltecer a sua imagem. Mas a gente não sabia disto naquele distante dia no interior das Minas Gerais. Foi muito, muito emocionante quando nos tornamos Tricampeões do Mundo. Saímos em passeata pela rua e, à noite, fomos para a antiga sede do GEC, na antiga XV de Novembro, hoje Camilo Aschar, e pulamos carnaval a noite toda. Foi um dos meus primeiros bailes.


Tanto se passou desde então, outras Copas. Uma delas, acho que quando se tornou tetracampeão, eu estava em São Paulo. Foi quando percebi o tamanho da cidade. Saímos andando e a festa continuava pelas ruas - 100 km de cidade. A interiorana, meio carmelitana meio belorizontina pensava: aqui tem um tanto de Savassi, uma atrás da outra. As manifestações eram pacíficas.
Tetracampeão


O cenário desta Copa de 2014 é uma incognita. Daqui a 3 semanas, começam a chegar milhares de turistas entre nós. Eles vão conhecer um Brasil violento, exigente, destruidor? Tantas ações se encontram atrás destes movimentos, interesses de esquerda radical, interesse da direita, bandidagem por bandidagem mesmo. Há demandas reais nas manifestações, sem teto, sem casa, prejudicados pela Copa. Me preocupa é o gosto de ver o circo pegar fogo. Interessa a quem?

Eu quero receber bem os visitantes e mostrar este lado hospitaleiro, amigo, receptivo do povo brasileiro. Vou vestir camisa verde amarela, empunhar minha bandeira e  me emocionar mais uma vez com o Hino Nacional. Lembro-me de uma das Copas em que os hinos eram traduzidos. Quase todos falavam de sangue, guerra. O hino do Brasil fala da natureza e de paz. Isto sempre me emocionou. Tínhamos antigamente a matéria de Moral e Cívica e me lembro do Tio Milton ensinando sobre a bandeira, a ter respeito pelos símbolos nacionais. Cantei, cantei muito esse hino com toda a força do meu coração e a juventude do meu corpo de então. 



PRA FRENTE BRASIL

Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil
Do meu coração


Todos juntos vamos
Pra frente Brasil
Salve a Seleção


De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração!


Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, Brasil
Salve a Seleção


Segundo a Wikipédia, a música" Pra Frente Brasil" foi composta por Miguel Gustavo. Foi cantada pelo país na euforia ufanista gerada pela primeira transmissão ao vivo de uma Copa e tornou-se hino desta edição para os brasileiros. Sua origem deve-se a um concurso, com premiação de dez mil cruzeiros, organizado pelos patrocinadores das transmissões da Copa - Esso, Souza Cruz e Gillete, em parceria com a Rede Globo. 



Nossos heróis.


O ditador Francisco Garrastazu Médici

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