domingo, 12 de outubro de 2014

Tempos bem menos consumistas!


Estes dias estive pensando como hoje somos dependentes da geladeira e como consumimos muito mais coisas industrializadas que nos anos 50/60/70... A geladeira lá de casa era como esta da foto. Guardava praticamente carne e manteiga. Vovó Alice fazia também alguns picolés de gemada. Água gelada, não tínhamos o  hábito. O que comíamos?

Lá em casa, fazia-se goiabada para o ano inteiro. E levávamos de lanche pão com goiabada todos os dias e todos os dias era bom. Faziam um pão redondo - deste em tenho saudades - enchiam várias latas e um bolachão econômico chamado Bolacha Sá Lia. O pãozinho francês amanhecia na porta todos os dias, entregues da padaria do Joaquim Pio. O leite vinha da fazenda, também as frutas. Verduras, as da época. Pamonha enchia a geladeira e era distribuída para todos os vizinhos. Tempo de fartura!
A fartura permanece nas boas casas carmelitanas.

Carne, matava-se porco, guardava na gordura. Quando fomos para São Paulo, nos saudosos anos 1975/76, mamãe levava carne na gordura pra gente que, então, comíamos bem. Gordura, usava-se a de porco, mas óleo também. E tinham as 'quintadas', aquelas delícias mineiras, quebra-quebra, palito, rosca de canela, pau-a-pique... Uma tentação!

Na geladeira, apenas um enorme taco de carne para alimentar aquela família imensa da 'Casa da Nivalda'. Moravam por lá, nesta época, mamãe e seus 7 filhos, o Joaquim com a Toninha e os meninos que foram nascendo, a Elisa, o pai da Toninha, Sô Joaquim, o vovô, que logo faleceu e a vó Alice. Uma vez, o marido  alemão da minha prima Dagraça ficou sentado à porta contando quantas pessoas entravam ali todos os dias. Além da família toda a turma da Ludi, toda a nossa turma - Carla, Cláudia e Cleise.... Aos domingos vovó recebia suas amigas e oferecia um almoço. Entre elas, uma negra de sorrisos largos e constantes, a Porfíria. Fora os 'loucos' da cidade, que adoravam acampar por ali. Uma vez, achamos o Delegado dormindo no sofá, a Lúcia bêbada desmaiada na porta, já assisti os 'acessos' da Gerarda.
Uma vez, a Maria gritou à porta:
- Nivarda, tem Sulino? Larguei a pinga peguei com o Sulino... E tinha o vinho Sulino, dei a ela um copo e ela saiu cambaleando em direção ao Rosário, dizendo - quanto vortá, quero vortá assim...

Falando em gastronomia, não me esqueço dos jantares que a vovó fazia, cumprindo promessa, para a Cia. do Menino Jesus. Lembro-me da macarronada, do frango assado  e do garrafão de vinho tinto. E da emoção que sentia quando eles começavam a cantar... a chegada desta casa, chegamos com alegria, aqui está o Menino Deus filho da virgem Maria...

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