sábado, 20 de outubro de 2012


"Preferia ser acordado pelo canto dos galos. Porque cantos de galos são mais que cantos de galos. Cantos de galos são lugares onde moram universos inteiros, cenários e tempos que podem ser reconhecidos por aqueles que em algum tempo de passado moraram neles". (Rubem Alves - O Retorno e o Termo)

Os galos ainda cantam nos arredores da minha casa, em Belo Horizonte, que mistura o pacato das cidades pequenas com o movimento das metrópoles. E quando eles cantam, acordam universos dentro de mim. Remontam-me à tranquila Carmo do Rio Claro e os amanheceres da Fazenda Água Limpa. E com o seu canto, a história se refaz em minha mente. Despertam meu pai Edmundo, minha mãe, Nivalda e leva-me para a infância, quando vivíamos todos juntos na Família do Chico Rasgado, como o papai costumava brincar.
Todos os dias, a Família do Chico Rasgado, saía aos finais da tarde pela várzea para passear. Meu pai era um homem tranquilo e tinha uma marca na testa, honestidade, o que legou a toda a nossa família.Como diz o meu irmão,Tião da Lola, nenhum descendente saiu do padrão. Os ancestrais deixaram um caminho aberto de honestidade e bondade, que se reflete na face dos novos Figueiredo Soares Pereira Vilela... Fica aqui a minha homenagem a todos os galos do mundo, que acordam universos em nós e saudades.

"Mas a alma, em meio à ruidosa monotonia da vida, continua a ouvir uma voz que vem nos intervalos. Continua a chorar ao ouvir uma melodia que não havida. Continua a ouvir a fala de um estranho que mora em nós, e que nos visita nos sonhos. Continua a ser queimada elas brasas da saudade de um lar esquecido, do qual estamos exilados. É bem possível que os sapos e as rãs vivam mais tranquilos. Para eles, todas as questões estão resolvidas. Mas existe uma felicidade que só nora na beleza. E esta a gente só encontra na melodia que soa, esquecida e reprimida, no fundo da alma". (Rubem Alves)

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