quarta-feira, 28 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
O Carmo já teve e nunca vai esquecer!
Tom deu o tom da PALAVRA
PALAVRAS
Palavras
onde me escondo
Onde
me revelo
Onde
deságuo as pequenas
e
as grandes dores e amores.
Solto
a palavra
e
já não sei aonde elas vão me levar.
Perscruto
os sentimentos
Que
me calam dentro
Para
fazê-los virar
Palavras.
Elas
se deságuam pelas minhas sagradas mãos
A
quem foi confiado fluir o mundo
Do
Verbo.
Palavras
Hoje
é o que se chama
Partiu
para o andar de cima
Abotoou
o paletó
Foi
embora.
Tudo
para evitar a Palavra
Morreu.
Mas uma morte lembra as outras
Contam
do fim.
E
pergunta: tudo é ilusão, então?
Tom
faleceu e virou poema
Faltou-lhe
o ar há poucos dias
Faltou-lhe
saúde
Morreu
a vida..
Em
minha vida, foi tão fugaz!
Em
3 anos, o vi três vezes.
Bastou
para que vivesse em mim
Intensamente!
Porque
também ele era a Palavra.
Trocamos
Palavras completas
Sem
a pressa do Face
Em
português correto
Nada
abreviado.
Não
havia pressa em nossos e-mails
Que
agora se tornaram ainda mais importantes!
O
que ele falou de mim?
O
que eu falei pra ele?
Trocamos
Palavras
Poesias
Contos
Romances
E
amor de prima
De
ser do mesmo sangue
Da
mesma árvore.
O
acolhemos no seio da família.
Ele
vinha de longa caminhada
E
aportou no Porto Carrito
No
útero da família Figueiredo.
Da
sua caminhada
não
sei quase nada!
Sei
de um contador de casos.
De
um primo querido!
Que
um dia chegou ao Carmo
Carregando
70 anos de história.
Ares
de carnaval
Encontros na Pousada da Mavi
Frequentou
com prazer declarado
A
casa do Job.
A
casa do Dito.
Viveu
a Fazenda Água Limpa
Onde
passou o seu último réveillon.
Lindo
neste dia!
Um
sensual senhor jovem
Tom
Figueiredo!
No
meio da publicidade
Mais
conhecido por GaTon.
Olhos azuis. Sorriso aberto
franco e sensual.
Celebrou
aquela noite com sua numerosa família
Todos
os prazeres que a ocasião permitia.
Cantou.
Bebeu
vinho.
Degustou
o seu charuto
em
solene ritual.
Amanheceu
ouvindo e contando casos
com
o Tião, os últimos a irem dormir.
Falou poemas
Ouviu
histórias e rememorou.
Lembranças
dali da fazenda
Onde
viveu dias na juventude.
PALAVRAS
Perda
Saudades
Recuerdos!
A
ausência é maior que a presença!
PALAVRAS
Sei que são muitas
Que não as podo concretamente
E, por isto, não sei se elas
As Palavras
As minhas Palavras
Servem pra mais alguém além de mim.
Hoje o Tom
Dá o tom da Palavra.
que para mim são
Essenciais.
Palavras
Elas
vão te contar
Tom
Figueiredo
Cada
vez que eu mergulhar
Na
mente e nela doer a sua ausência
Por
certo,
Palavras
vão desaguar sentimentos
Pra
ficar mais leve
Porque
sempre
Depois
da Palavra
Do
desabafo
Do
desagravo
Da
explosão de Palavras
Vem
o silêncio!
Repercussão no FACE
Voltei a postar no blog www.senhoradocarmo.blogspot.com
Coloquei mais uma homenagem ao primo Tom Figueiredo.
E foto de grandes fotógrafos do Carmo. Sua visita será bem-vinda.
Coloquei mais uma homenagem ao primo Tom Figueiredo.
E foto de grandes fotógrafos do Carmo. Sua visita será bem-vinda.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Magia das Noites
Olha só a imagem que Lucas Soares captou na noite. Uma foto mágica, que ganhou o nome de Magia das Noites. Ele tem o dom de tornar visível o mágico que há na natureza. Ele é sobrinho do Renato Soares, fotógrafo perfeito, que foca suas lentes nos índios do Xingu. Lucas é filho da Andreia, filha do Jair Soares e Claudete Vieira Soares. É bisneto do Tio Toninho, um verdadeiro personagem da minha família. Toninho Soares, suas histórias parecem até uma lenda! Lucas Soares, tão novo, e já é um mestre na fotografia.
Segue o contato feito no Facebook.
Segue o contato feito no Facebook.
Cleyse, fica dentro de um camping, nas extremidades dele. Essa cachoeira fica dentro do perímetro de Furnas mesmo. Fica próximo ao paraíso perdido.
alguns segundos atrás
Homenagem ao Tom
Texto enviado por minha irmã, homenagem de um amigo a Tom Figueiredo, meu primo, que partiu recentemente para as terras do nunca mais.
Meu grande amigo TOM FIGUEIREDO, jornalista, filosofo, escritor,
poeta, publicitário, já não está mais entre nós. No último dia 14 ele não
resistiu aos problemas respiratórios que o levaram para o hospital.
Tom foi um segundo pai pra mim, foi o meu guru, exemplo de dignidade, honradez e da boa malandragem que existe na cultura brasileira. Aos 19 anos comecei a frequentar o apartamento dele na Rua Artur de Azevedo, bem ao lado do clube da Medicina da USP. Era uma espécie de mascote entre os amigos que frequentavam a casa dele. Como meu pai, Tom era um socialista convicto, culto, inteligente e apaixonado pela cultura de seu povo. Tocava contrabaixo e cavaquinho.
Durante as noites, nos reuníamos para falar de política e da luta contra a ditadura. Nos fins de semana, íamos pra chácara dos amigos: Rubão, Ercílio, Sampaio e Fernando Pacheco Jordão , jogar futebol e curtir uma boa roda de samba. A diferença de idade nos aproximou ainda mais, ficamos amigos inseparáveis. Nos anos 80, quando eu estava morando em Paris, uma amiga comum morreu repentinamente. Tom me ligou para dar a má noticia e terminou a conversa dessa maneira: "Florestan, volte já para o Brasil. Não quero mais você longe dos amigos." Voltei e abrimos uma linda livraria na avenida Faria Lima. Lógico que não deu certo, não nascemos com talento para os negócios. Mas foram anos memoráveis, com noites de autógrafos de marcar época, Chico Buarque, Florestan Fernandes, Montoro, Waly Salomão, Lilia Schwarcz, Marta Suplicy e tantos outros.
Para vocês terem uma ideia da nossa amizade, quando meu pai faleceu, o corpo foi retirado pela policia no crematório bem na hora da cerimônia do adeus. A solenidade foi feita, mas em seguida o corpo foi levado para o IML para passar pela autopsia que indicou o erro médico. No dia seguinte, fui sozinho ao crematório e dei de cara com dezenas de colegas jornalistas. Solitário, daria tudo para ter um amigo naquela hora. E quem não me sai no meio dos carros? Tom Figueiredo! Me abraçou e disse: "faltei no trabalho por que sei que hoje você vai precisar de um amigo". Então é isso: Tom se foi mas continuará vivo em minhas lembranças para sempre.
Tom foi um segundo pai pra mim, foi o meu guru, exemplo de dignidade, honradez e da boa malandragem que existe na cultura brasileira. Aos 19 anos comecei a frequentar o apartamento dele na Rua Artur de Azevedo, bem ao lado do clube da Medicina da USP. Era uma espécie de mascote entre os amigos que frequentavam a casa dele. Como meu pai, Tom era um socialista convicto, culto, inteligente e apaixonado pela cultura de seu povo. Tocava contrabaixo e cavaquinho.
Durante as noites, nos reuníamos para falar de política e da luta contra a ditadura. Nos fins de semana, íamos pra chácara dos amigos: Rubão, Ercílio, Sampaio e Fernando Pacheco Jordão , jogar futebol e curtir uma boa roda de samba. A diferença de idade nos aproximou ainda mais, ficamos amigos inseparáveis. Nos anos 80, quando eu estava morando em Paris, uma amiga comum morreu repentinamente. Tom me ligou para dar a má noticia e terminou a conversa dessa maneira: "Florestan, volte já para o Brasil. Não quero mais você longe dos amigos." Voltei e abrimos uma linda livraria na avenida Faria Lima. Lógico que não deu certo, não nascemos com talento para os negócios. Mas foram anos memoráveis, com noites de autógrafos de marcar época, Chico Buarque, Florestan Fernandes, Montoro, Waly Salomão, Lilia Schwarcz, Marta Suplicy e tantos outros.
Para vocês terem uma ideia da nossa amizade, quando meu pai faleceu, o corpo foi retirado pela policia no crematório bem na hora da cerimônia do adeus. A solenidade foi feita, mas em seguida o corpo foi levado para o IML para passar pela autopsia que indicou o erro médico. No dia seguinte, fui sozinho ao crematório e dei de cara com dezenas de colegas jornalistas. Solitário, daria tudo para ter um amigo naquela hora. E quem não me sai no meio dos carros? Tom Figueiredo! Me abraçou e disse: "faltei no trabalho por que sei que hoje você vai precisar de um amigo". Então é isso: Tom se foi mas continuará vivo em minhas lembranças para sempre.
Florestan Fernandes Júnior
sábado, 17 de agosto de 2013
O ÚLTIMO REVEILLON
As duas grandes mesas foram colocadas, uma ao lado da outra, na cozinha do casarão, na Fazenda Água Limpa. Ares de 1.900, mobiliário de época, museu de histórias. As mulheres decidiram: a festa será na cozinha. Escreveram uma faixa: "Sala de visita de mineiro. Alguém sentiu falta da sala?
No natal de 2012, não sabíamos que estávamos nos despedindo da prima Maria Alice. Neste reveillon, de Tom Figueiredo. Compartilhamos com ele o melhor de Minas, a sagrada mesa de alimentos, o amor da família, os causos, as músicas, o fogão de lenha, as histórias de todos nós naquele casarão, que também fez parte da sua infância, no tempo do Joaquim, meu irmão.
Ao final, ele voltou às origens. E nós, tivemos a oportunidade de conviver com ele. Seu sorriso ficará eternamente nas nossas lembranças. Que Deus o tenha! Meus sinceros sentimentos!
A família - avós, pais, filhos, sobrinhos,primos, amigos, agregados, em volta da mesa. E foi na cozinha, numa noite memorável e inesquecível, que ele passou o seu último reveillon, cercado pela família.
Meu primo, Tom Figueireiro, que nos deixou.
Depois de andar o mundo, de galgar os maiores degraus da Publicidade, ser premiado. Quem se lembra do cotonete que morria de cócegas, com esta propaganda, ele ganhou prêmio internacional. Casou, teve filhos, netos. E, aos 70 anos, voltou às origens. Passou a ir ao Carmo, para nossa alegria. Pele clara, olhos azuis e um sorriso iluminado, lembrava o seu pai, Coronel Job Figueiredo, irmão da Vó Alice. Job Figueiredo é nome de rua em Campinhas, onde foi o fundador da hípica.
Um primo "idoso", mas jovem, inteligente, engraçado. Foi o brilho do carnaval de 2011, quando nos reuníamos no Bar do Caruncho, que virou o reduto dos músicos. Ele tocava cavaquinho, mas não nos deu uma canja, infelizmente. Ele no meio, ao seu redor, reunia-se a família, tios e sobrinhos para ouvir os seus casos, muito engraçados.
Neste dia, ele comentou:
Depois de velho, deixei de ser perigoso. Com essa barba, na ditadura eu era um perigo! Parado em todas as blitz. Hoje, vejo uma blitz, faço cara de mau, desta vez eles me mandarão parar, eles me mandam passar. Primo, disse-lhe, experimenta ficar nu no aeroporto e você será preso. Que nada, não adianta, prima, eles vão perguntar cadê o remédio de Alzheimer do velhinho.
Ainda no Bar do Caruncho, ele reclamou para os sobrinhos:
- Velho é invisível. Já entrei no elevador com uma mocinha e ela mal me viu. Uma delas quase trombou comigo na praia. Não adianta. Velho é invisível.
Contestei veementemente: "Primo, posso lhe garantir que você ainda é bem visível!
Porque conservava a sedução que o levou, na juventude a ser chamado de GaTom.
Policena de Jesus
Ele teve no Carmo uma vivência transcendental. Era ateu convicto. Perdeu seus documentos e passou a dar baixa nos cartões, preocupado. Encontrou com a minha irmã, Tata, que pegou em suas mãos e disse: vamos rezar para Policena. Policena é a mais nova santa da família. Ela foi descoberta em uma caminhada de minhas irmãs, no Caminho da Fé. Encontraram uma galeria de santos negros. Entre eles, Policena de Jesus.
Rezaram sua oração: Das profundezas do escondido /
Policema trás a luz / Encontra
o objeto perdido / Policema é de Jesus. Estavam na esquina da Madrinha Tata. No outro dia, ali mesmo naquela esquina, um homem vira a esquina, depara-se com ele e grita. Você é jornalista? É Tom Figueiredo? Estou à sua procura desde ontem. Aqui seus documentos. Esta experiência rendeu ao ateu até um artigo para o Expresso Carmelitano. Depois comentou, ele me encontrou na esquina que fizemos a oração e era negro. E o taxista disse que nunca vira aquela esquina para ir para casa.
Um noite inesquecivel!
Depois, o vi mais uma vez no Tião, na Pousada da Mavi, quando do lançamento do livro Genealogia da Família Vilela, de minha irmã, Ana Maria Vilela Soares, grande amiga do Tom. Havia passado por um enfarte, estava de sobreaviso, por isto, viajando pouco. Quando foi no fim do ano, ficamos sabendo que ele passaria o reveillon conosco. Ficamos super felizes. Eu faço um oráculo com frases e coloquei pedacinhos da história da família. Ali rememoramos os tios, os avós, os ancestrais. Depois, fomos à hortinha da Valerinha e pegamos folhas de alecrim, mirra, hortelã, orégano, curry etc e fizemos um festival de aromas, passando as folhas pela mesa. Não me lembro com qual oráculo o meu primo saiu, disse depois que analisaria para compreender o significado, mas que guardaria a caixinha em um lugar especial em sua casa.
Vinho rolando, ele declarou: o médico disse que posso beber de vez em quando. Elegeu aquele dia e, boêmio de uma vida, se embriagou na delícia daquela noite. Contou casos, riu, falou poemas no reveillon da Fazenda Água Limpa. Beto, meu sobrinho, puxou no violão o hino da família: viver e não ter a vergonha de ser feliz....Então, solenemente, ele retirou uma caixinha do bolso e disse: agora vou fazer uma coisa que há muito tempo não faço, eu mereço. Tirou um fino charuto e tragou com uma expressão de supremo prazer. Ele que tanto amou os prazeres da vida! A caixinha vazia, ele me deu.
Vai com Deus!
Agora, a Carla me conta ao telefone. Ele foi embora. Seu e-mail se calou, onde trocamos contos, conversas, considerações. Silêncio no Linkedin...Antes de partir, há cerca de dois anos, lançou um livro, O Perseguidor. Achava seu jeito de escrever muito parecido com o meu.
No natal de 2012, não sabíamos que estávamos nos despedindo da prima Maria Alice. Neste reveillon, de Tom Figueiredo. Compartilhamos com ele o melhor de Minas, a sagrada mesa de alimentos, o amor da família, os causos, as músicas, o fogão de lenha, as histórias de todos nós naquele casarão, que também fez parte da sua infância, no tempo do Joaquim, meu irmão.
Ao final, ele voltou às origens. E nós, tivemos a oportunidade de conviver com ele. Seu sorriso ficará eternamente nas nossas lembranças. Que Deus o tenha! Meus sinceros sentimentos!
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Crônicas de viagem a Carmo do Rio Claro
Amanheci em Belo Horizonte,
mas cheguei com olhos de carmelitana. Vi estas ruas, tão familiares, com olhos
outros. Uma parte minha ainda está no Carmo. A experiência ali vivida em férias
de duas semanas, vista de outro lugar se reveste de importâncias. Tantas vidas
vi e vivi nestes dias. Experiências interessantes. Acordei às 7h e subi para a
praça disposta a ir para qualquer lugar que o coração e a liberdade das férias
sugerissem. Vislumbrei as lindíssimas palmeiras da praça, que fizeram parte da
minha adolescência como pequenos arbustos ainda jovens. Portanto, ao olhar da
Igrejinha de Nosso Senhor dos Passos para a cidade, elas se deslumbram em
bloco, em frente a igreja. Caminhar em volta da praça é muito prazeroso. Em
cada curva, nos deparamos com a Serra da Tormenta, majestosa, a 1.250m do nível do mar. Um tesouro verde que se dá a
cada amanhecer.
Badaladas do tempo
Ouço o sino da igreja matriz
e me faz mais retroceder no tempo,
batendo as horas em badaladas. Para nós, que moramos fora dos seus ritmos, em
ritmos bem mais acelerados das grandes cidades, o som do sino repercute no
nosso ser.
A igrejinha de Nosso Senhor
dos Passos está aos pés da Tormenta. Hoje, em marrom e bege, guarda a imagem de
um Cristo barroco, igual aos de Ouro Preto. Sempre tive medo desta imagem,
coberta de capa roxa. Para mim Cristo é vivo. Gosto mais da igrejinha em cores
mais fortes. Nesta pracinha, há muitas casas grandes e bonitas. Mas uma se
preserva intata e, assim, mantém o passado bem agarradinho no presente. Um
casarão antigo de janelas azuis, as mesmas árvores no quintal, as vacas ao lado. Esta família é a
guardiã da chave da igrejinha de Nosso Senhor dos Passos e, não sei se ainda é,
a guardiã da chave da igrejinha do alto da serra. Muitas vezes, nas madrugadas,
entre neblinas, subíamos a serra. Antes, batíamos à porta para pedir a chave. A
igrejinha de Nossa Senhora Aparecida, no alto da serra, é guardiã de retratos,
ofertas, pedidos, agradecimentos, votos em gessos de inúmeros peregrinos que
ali sobem buscando Deus.
Soltem os doidos
Próximo à Igrejinha de Nosso
Senhor dos Passos, subindo em direção a serra, está a ermida da Mãe Rainha,
cuja guardiã é minha irmã, Tata. Fomos lá numa agradável tarde azul e nos
encontramos com o Benedito, o Dito, irmão do Tim e do Paulão, filho da Penha e
do Valadares, que era irmão da minha segunda mãe, Elisa. E nos revelou que há
20 anos sobe a serra uma vez por semana para levar uma vela de sete dias. Disse
que subiu uma vez e viu que não havia velas. Então, resolveu cumprir sua
humilde e, antes anônima, ação. Que esta luz ilumine os seus dias e os da sua
família. O Paulão, seu irmão, é um personagem atual das ruas de Carmo do Rio
Claro, não faz mal a ninguém. Ele, no seu entender, é rico e empresta dinheiro
até para o Antônio Carlos Pereira, o maior fazendeiro da região. Anda benzendo
os espaços, andando de um lado para o outro, cumprindo a sina de “louco”. Eu,
que coleto histórias de outras personagens do Job, acho que os loucos devem
enfeitar as ruas. Alguns, são pontos de lucidez, como era o caso da Represa,
resposta espirituosa na ponta da língua.
Onde comer?
O Carmo oferece inúmeras opções, em alguns quesitos. Restaurantes, há dois restaurantes a quilo
ótimos – o Casarão e o Bom Prato. Grande parte dos carmelitanos já não cozinha
em casa. A Celenice se esmera nos pratos e oferece um agradável ambiente no
casarão, que fica na Wenceslau, na esquina da praça debaixo. Conta com a
presença simpática do Omar. Pode-se comer na varanda vislumbrando a cidade e a
Serra do Tabuleiro, também majestosa. A paisagem do Carmo é sempre de
montanhas, vales e águas. Fui conhecer a Pousada da Teia, próxima aos cânions
do Lago de Furnas. Minhas irmãs, Alice e Cláudia, viciadas em caminhada, foram
conhecer e contar a distância, dispostas a irem a pé em outra ocasião. Contaram
7 km da ponte torta até lá. O que eu mais gostei é que, além da água, tem
galinha, vaca, marreco, um clima de fazenda. Tem aquele cheirinho de bosta de
vaca que só quem é da roça conhece e gosta.
Carmo Zen
Impressionou-se a quantidade
de lojas no Carmo, a Teia mesmo tem uma loja na cidade. Tem nutricionistas,
Pilates e um fisioterapeuta maravilhoso, conhecido por Butina. Despojado,
atende a muita gente e com muito carinho as velhinhas, como pude constatar em
conversa com a Tia Rita e com a Bebel, irmã da Elisa. Todos o amam. O preço é
hiper camarada, R$ 17,00 e proporciona acesso a todo. Um achado! Já me tratei
com ele e também a Carla, minha irmã. Tem ótimas meditações, promovidas pela
minha irmã, Ludi, psicóloga, que também atende pelo SIM. Veio acrescentar ao
Carmo, traz grande conhecimento adquirido no Instituto Renascer da Consciência,
do qual fez parte por muitos anos. É também formada pela Universidade Cidade da
Paz.
Filé de lambari?
No quesito comida, vou falar
das que experimentei. Fui ao Tempero de Minas. Não conhecem? Na Kátia e no
Mané, agora sabem onde é. Ele é meu primo e um exímio pescador e cozinheiro de
peixe. Come-se lá o inédito Filé de Lambari, o delicioso quibe com molho da
casa e um especial escondidinho de frango ou carne. Kátia contou que atendeu a
uma cliente do Hotel Varandas, com duas filhas muito bem trajadas. Ela
experimentou vários pratos. Ao final, disse que adorou o peixe e o
escondidinho. No outro dia, o Hotel reservou para mais 10 pessoas. Cada um já
disse o que iria consumir, para adiantar o serviço, mostrando o profissionalismo
da Marly, proprietária do hotel. Ao final, chamaram a Kátia. Ela foi aplaudida
de pé. Acharam, também, baratíssimo! Ospreços no Carmo são convidativos.
Pra quem gosta de vinho...
Temos agora uma opção muito
interessante. Para aqueles que, como eu,
não gostam da música sertaneja atual – curto as modas antigas – o Marco Túlio
oferece uma ótima opção, em um bar na Rua Nova. Não guardei o nome do bar. Mas
as músicas são da melhor qualidade, popular brasileira e, muitas, dos anos 70.
Ele disse que sentia falta de um lugar assim no Carmo. Na parede, imagens de
Elis Regina, Chico Buarque, Os Beatles. Ele também inovou, oferecendo a
Casquinha de Tilápia, tudo de bom! De sobremesa, brigadeiro de cachaça,
delicioso! Ele é muito educado e o tempero da sua companheira, muito bom. Só uma
crítica, já levada a ele e recebida com atenção, o vinho, precisa ser de boa
qualidade. Eu e a Valerinha, minha sobrinha, que viu o Ian, seu filho, degustar
duas casquinhas de tilápia, sugerimos nomes de bons vinhos. Marco Túlio disse
que já havia recebido esta demanda da Marta. Enfim, teremos a opção de tomar um
bom vinho no Carmo, onde é mais tradicional a cerveja.
Nova opção: a velha Fazenda Água Limpa
Na primeira semana, fiquei na Fazenda Água Limpa. Ela se abriu para visitação pública, oferecendo também almoço com a culinária mineira rural e o café colonial. Os visitantes são convidados a fazer um “tour” pelo casarão, guiados pelos proprietários, Toninha e Joaquim José. Andam pelos cômodos, salões e porões, um verdadeiro museu vivo, com móveis da época. É uma experiência única conhecer a Fazenda Água Limpa, entra-se dentro do tempo, em outro tempo. Ali fui criada, portanto, para mim, é entrar no tempo da infância. Casa de pé direito altíssimo, 39 janelões, com enormes toras de madeira na fundação, totalmente preservada.
Minha sobrinha Valerinha está entregando os produtos “Dagualimpa”, ovos caipiras e queijo frescal. Contato visitação: 35 | 9902.4479 35 | 9992.0402 (com Valerinha).
Minha sobrinha Valerinha está entregando os produtos “Dagualimpa”, ovos caipiras e queijo frescal. Contato visitação: 35 | 9902.4479 35 | 9992.0402 (com Valerinha).
Profissionalismo
A Pizzaria Gerbeli é uma
ótima opção no Carmo, oferecendo cerca de 40 tipos de pizzas. Entre elas, a de
abobrinha, muito gostosa, massa leve. Atende em casa com presteza e agilidade.Segundo o Joaquim,
meu irmão, o melhor delívery do Carmo é de cerveja. Eles atendem até nos
ranchos, há até um Tele Sanduiche. Mercado promissor, já que há 1.600 ranchos à
beira d´água, sem contar as fazendas.
Comi, e não vou citar o nome, em dois restaurantes à beira do lago. Em um deles, chegamos às duas da tarde e já não havia saladas. Em feriados, devem se preparar mais. No outro, o azeite era misto com soja e ainda estava rançoso. Disse à proprietária que era preciso caprichar no azeite, que o Carmo sempre recebeu e, agora, mais ainda, um público exigente. Hoje, todos prezam um bom azeite. Mas é sempre maravilhoso comer com a vista para o lago e as montanhas.
Tesouro arqueológico
Visitei desta vez o Museu do
Indio Antônio Adaulto um tesouro para o
Carmo e para a humanidade. Igaçabas, urnas funerárias, algumas com ossadas,
utensílios domésticos, inúmeras flechas de cristal. O acervo conta com cerca de
3 mil peças. Nas paredes, fotos do Xingu, do primo Renato Soares. Um banner
mostra as primeiras escavações no sítio arqueológico na fazenda do Antônio
Adauto. Uma boa opção para os turistas. Ouvi dizer que o promotor cobrou do
atual prefeito o retorno do museu para o Antônio, nada mais justo. Este homem é
um verdadeiro arqueólogo e teve o respeito de um índio preservando sua história
e retirando do seio da terra, os preciosos pertences de outros povos, dizimados
pelos bandeirantes.
Recordações
Encontrei com a Carmelita do
Ari do Bala...e ouvi lindas histórias de amor. De sua janela, ela vê o GEC
antigo e relembra as inúmeras vezes que ali bailou. . Ela, de cabelos bem
arrumados, óculos escuro, moderna, conservada em seus 80 anos. Lembra-me muito
minha mãe, elas são primas. Atualmente, ela vive de boas lembranças.
Casos do Job
Adiantei com o Job o livro
de casos. Fui lá e me deparei com os primos – Milton Luiz, Dito e Job Milton,
que trio! O Milton Luiz conserva ainda aquele vozeirão e aquela presença! O
livro, por recomendação do Job, vai se chamar “Risos do Carmo – A Farsa alegre
de uma cidade centenária”. Ainda, como se diz, no prelo.
Solidariedade e mistério
Fui à Festa da APAE e, pela
primeira vez, ganhei doces no bingo. É bom para encontrar outros carmelitanos.
Uma festa de solidariedade! Na Fridoce,
encontrei com o primo Dilton, que mora na casa da serra. Levava duas fotos na
mão, em uma, via-se um objeto voador não identificado perto da serra, em outra,
crianças estavam sendo fotografadas e a máquina registrou bolas de luz.
Mistério! Ficamos de algum dia ir ver o arquivo que ele tem, pesquisador de UFO
há muitos anos.
Sonhar pode
Voltando ao começo da
conversa, subi às 7h e, da praça, ouvi a missa, que me chamou. Fui, comunguei e
gostei de celebrar com meus irmãos carmelitanos. Lembrei-me da minha mãe,
Nivalda, que era ministra da eucaristia. O coro estava bonito e contava com a
voz do Jair Soares, meu primo. Só
gostaria que as músicas fossem mais alegres. Há sempre uma tristeza pairando
sobre a igreja de hoje, sombras da igreja antiga. Por isso, o Papa Francisco
tem chamado à alegria. Será que as palavras do Papa repercutiram na igreja do
Carmo, transformando em ação para os pobres a sua missão?E em alegria o
discipulado?
Enfim, acho que eu moraria
tranquilamente em Carmo do Rio Claro, Mas tenho ainda coisas a cumprir por
aqui, Belo Horizonte, minha segunda cidade, muito amada! Mas venho tecendo
sonhos para o futuro, não tão distante!
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