terça-feira, 20 de agosto de 2013

Homenagem ao Tom

Texto enviado por minha irmã, homenagem de um amigo a Tom Figueiredo, meu primo, que partiu recentemente para as terras do nunca mais.


Meu grande amigo TOM FIGUEIREDO, jornalista, filosofo, escritor, poeta, publicitário, já não está mais entre nós. No último dia 14 ele não resistiu aos problemas respiratórios que o levaram para o hospital. 
Tom foi um segundo pai pra mim, foi o meu guru, exemplo de dignidade, honradez e da boa malandragem que existe na cultura brasileira. Aos 19 anos comecei a frequentar o apartamento dele na Rua Artur de Azevedo, bem ao lado do clube da Medicina da USP. Era uma espécie de mascote entre os amigos que frequentavam a casa dele. Como meu pai, Tom era um socialista convicto, culto, inteligente e apaixonado pela cultura de seu povo. Tocava contrabaixo e cavaquinho.
Durante as noites, nos reuníamos para falar de política e da luta contra a ditadura. Nos fins de semana, íamos pra chácara dos amigos: Rubão, Ercílio, Sampaio e Fernando Pacheco Jordão , jogar futebol e curtir uma boa roda de samba. A diferença de idade nos aproximou ainda mais, ficamos amigos inseparáveis. Nos anos 80, quando eu estava morando em Paris, uma amiga comum morreu repentinamente. Tom me ligou para dar a má noticia e terminou a conversa dessa maneira: "Florestan, volte já para o Brasil. Não quero mais você longe dos amigos." Voltei e abrimos uma linda livraria na avenida Faria Lima. Lógico que não deu certo, não nascemos com talento para os negócios. Mas foram anos memoráveis, com noites de autógrafos de marcar época, Chico Buarque, Florestan Fernandes, Montoro, Waly Salomão, Lilia Schwarcz, Marta Suplicy e tantos outros. 
Para vocês terem uma ideia da nossa amizade, quando meu pai faleceu, o corpo foi retirado pela policia no crematório bem na hora da cerimônia do adeus. A solenidade foi feita, mas em seguida o corpo foi levado para o IML para passar pela autopsia que indicou o erro médico. No dia seguinte, fui sozinho ao crematório e dei de cara com dezenas de colegas jornalistas. Solitário, daria tudo para ter um amigo naquela hora. E quem não me sai no meio dos carros? Tom Figueiredo! Me abraçou e disse: "faltei no trabalho por que sei que hoje você vai precisar de um amigo". Então é isso: Tom se foi mas continuará vivo em minhas lembranças para sempre.

Florestan Fernandes Júnior




3 comentários:

  1. Amado, Tom! Que tom ele deu à vida de tantas pessoas! Saudade desse eterno GaTom! Bjs

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  2. Que pena , Li o Livro o Perseguidor de autoria do Tom e vim procurar conhecer um pouco mais do autor , quando me deparo com a noticia de sua morte .

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  3. Uma pena mesmo. Era um querido. Um jovem idoso. Um lindo primo! Foi uma perda terrível!

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