sábado, 20 de setembro de 2014

Casos do Coró - diretamente do Face


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6 h · Editado · 
De Furnas, do Vicente Seleiro, de Nen Cabral, da Venda e do Zimbo
A construção da Usina Hidrelétrica de Furnas teve início em 1958 e a primeira unidade entrou em operação em 1963. A construção dessa usina, uma das maiores da América Latina na época, permitiu que se evitasse o colapso energético no Brasil, na década de 60. Seu reservatório, localizado no curso do médio Rio Grande e um dos maiores do Brasil, tem 1.440 km² e 3.500 km de perímetro, banha 34 municípios de Minas Gerais. A inundação de áreas férteis trouxe prejuízos para os agricultores e também afetou bastante o comércio daquelas 34 cidades.
No Carmo, até a inundação promovida por Furnas, por volta de 1960, trabalhava Vicente Seleiro, que tinha sua selaria onde hoje é a Pizzaria Kafona, da Dora. Ali ganhava a vida e sustentava a família fazendo arreios, bacheiros, cabrestos e outros acessórios para montarias. Antes de ter sua própria selaria, Vicente trabalhou para Nen Cabral, como empregado. Nen trabalhava na coletoria, era colega de Lucas Ferreira, Lulu, irmão do Tãozinho. Mas Nen Cabral, além de boêmio, também era empreendedor e tinha uma selaria sem nada entender disso. E mantinha lá empregados para ter uma renda extra.
Após a inundação esse comércio “fracassou”, como atesta o próprio Vicente. As pessoas andavam muito menos a cavalo, pois as águas impediram o livre trânsito dos animais e dos cavaleiros. Resolveu mudar de ramo e abriu uma venda onde até hoje é sua residência. Sua casa fica em frente à casa que pertenceu ao Farid Achcar, pai do Ralê, do Paulo e Marcos Achcar, e acima da casa do Zuzu. Nessas vendas vendia-se de tudo. Desde mantimentos (arroz, feijão, etc, tudo a granel) até ferramentas, panelas, doces, bebidas, cigarros e por aí vai.
 
Nessa época também era conhecido no Carmo o Zimbo, outro boêmio, tocador de bandolim, pedreiro e mais enjoado que cachorro de madame. O Zimbo não era muito chegado ao trabalho, bebia muito e gostava duma cachacinha. Conseguia beber várias em muito pouco tempo e, depois de “calibrado”, tornava-se um chato de galocha.
Coincidentemente, no dia que o Vicente Seleiro estava montando sua venda, colocando os produtos nas prateleiras, separando as mercadorias, anotando preços, enfim, uma confusão total, sem nenhum espaço no balcão, chega o Zimbo para inaugurar e batizar a venda. Falou alto, com aquele tom carregado de alguém que já bebeu algumas: “Vicente, põe uma caprichada aí prá mim.” Ao que Vicente, com a cabeça quente com tantos afazeres, respondeu: “Ah Zimbo, tenha dó. Não vou vender pinga agora. Volte depois.” Mas Zimbo insistiu carregadamente: “Vicente, põe uma pinga aí Vicente.” Vicente vendo que não ia ser fácil se livrar de Zimbo, pegou a garrafa, colocou um copo em um dos pratos da balança que ficava em cima do balcão, já que este ainda estava cheio de mercadorias e perguntou ao Zimbo: “Tá bom Zimbo, quanto vai de pinga então?”. E o Zimbo, olhando para a balança e o copo, mandou para o Vicente: “Ah Vicente, bota aí umas trezentas gramas pra gente ver quanto dá.”
Esta história me foi contada pelo Ângelo Pereira Leite e depois eu obtive detalhes com o Vicente Seleiro e com o Branco, seu vizinho. Demos boas risadas.


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