domingo, 31 de outubro de 2010
O PV FAMILIAR
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
VOCÊ CONHECE A BANDEIRA DO CARMO?
Símbolos Municipais
A Bandeira do Município
A bandeira do município de Carmo do Rio Claro foi criada pela Lei Municipal 605 de 1969. Conheça o seu signficado:
Cor: azul celeste, da beleza constante do nosso céu e que é espelhado nas águas da hidrelétrica de Furnas que se espalha pelo nosso município.
Estrela de cinco Pontas: em ouro claro, no alto e do lado esquerdo, tendo a inscrição 05-11-1877 (em cor branca) data da Emancipação Político e Administrativa do nosso município.
Frase em latim: “FLUCTUAT NEC MERGITUR” que circunda a estrela se traduz: “FLUTUA NÃO AFUNDA” (obs:tudo a ver com a nossa história!)
(está no portal da prefeitura de Carmo do Rio Claro) www.carmodorioclaro.mg.gov.br
terça-feira, 26 de outubro de 2010
FURNAS DA NOSSA HISTÓRIA
Eu já contei na literatura toda a história da chegada da água, do impacto sobre nós ribeirinhos do Rio Sapucaí, Rio Grande, Rio Claro... no livro Hortênsia Paineira - Inventário das Águas. O Job Milton me contou como tudo se passou. Foi assim: Juscelino Kubitscheck sobrevoando a região com dois engenheiros, observou uma curva e o estreitamento do rio em determinado lugar na altura da "corredeira", pras bandas de Alpinópolis, carinhosamente, Ventania. A idéia de Furnas nasceu dentro da campanha "Energia e Transporte", desencadeada pelo então governador. Mas foi como presidente, em 1956, em abril deste ano, que ele assinou o decreto para o início da construção da Usina de Furnas.
ENFIM! MUSEU DO INDIO EM CARMO DO RIO CLARO.
O SITE DO CARMO ANUNCIOU; CRIAÇÃO DO MUSEU ANTÔNIO ADAUTO LEITE
No último sábado, dia 16 de outubro, sob a presidência do arqueólogo Edson Luís Gomes, reuniram-se a Prefeita do Município Cida Vilela, o Promotor de Justiça da Comarca Cristiano Cassiolato e o Sr. Antônio Adauto Leite, proprietário das terras em que foram encontradas mais de 3.000 peças históricas, para deliberar sobre a criação do “Museu do Índio”. Durante a reunião, foi lançada a idéia de se criar também a associação de voluntários, a qual se chamaria “Amigos do Museu” para zelar e fiscalizar o funcionamento do mesmo, estabelecendo cronograma para realização dos trabalhos com previsão de inauguração em 20 de Abril de 2.012. Além das peças do Sr. Antônio Adauto Leite, o Museu contará com peças já inventariadas do Sr. Emanuel Aparecido Mendonça (Santinho) e será sediado no prédio da antiga Câmara Municipal, que passará pelas adaptações necessárias. Também fora sugerido o nome para o Museu e acordados por todos, cujo será “Museu Antônio Adauto Leite”. Também estiveram presentes a Dra. Camila Rey Resende Balla (Procuradora do Município), Omar Nogueira (Chefe do Departamento de Cultura) e Suzana (filha do Sr. Antônio Adauto), juntamente de seu advogado Dr. Elder.
Texto: Everton Vinícius Teodoro Silva
MUITA JUSTA A HOMENAGEM A ANTÔNIO ADAUTO LEITE!
domingo, 24 de outubro de 2010
BISNETA DA VÓ ALICE DANÇA BALÉ CLÁSSICO NO CURSO DE FORMAÇÃO DO PALÁCIO DAS ARTES.
Muito orgulhosa, fui ontem assistir à suíte Dom Quixote do curso de formação de dança da Fundação Clóvis Salgado, no Teatro Municipal de Nova Lima. Entre as bailarianas, minha filha Ayrá Sol Soares Coelho com Renato Coelho. Bisneta de Alice Figueiredo - de Carmo do Rio Claro - e da vó Maria Ferreira - do bairro Sagrada Família, Belo Horizonte. Ela nasceu com a dança dentro de si. Sempre dançou espontaneamente. Com 4 anos, paramos uma festa em nossa casa de temporada no Rio Grande do Norte para ver a performance que ela fazia. Agora, faz aulas de balé clássico, moderno e popular e se prepara para um futuro promissor.
EPITAFIOS DO JOB!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
CASOS DO JOB - CURIOSIDADES
Casa da Nivalda
Mas era o mistério que me ligava a ela. Para mim Belinha era alguém que planava sobre cidade, não morava, não comia e com certeza mijava debaixo daquele casaco. Sua voz nunca ouvi, seu cabelo, me lembro de um castanho liso talvez enrolado em um coque, acocorada sempre com o olhar perdido em um tempo qualquer.
Quando deixou de ser bela? Não sei.
Misteriosa belinha que até hoje povoa o meu imaginário, procurei respostas? Nunca. Belinha não tinha respostas, os mistérios são assim. Medo, curiosidade, fascinação rodeavam Belinha acocorada junto ao poste.
Volto da escola faminta, entro em casa, ainda sinto o frescor das tábuas de madeira, a liberdade daquele labirinto de esquerdas e direitas para se chegar à cozinha. Passo pela sala de mesa e cadeiras pintadas de verde, atravesso a porta da cozinha, e lá esta ela, acocorada em um canto , encostada a parede sobre o brilho do piso de vermelhão.
Meu Deus, o mistério entrou pela minha porta, sentou-se no meu chão, absorve o cheiro da comida da Elisa e aguarda o que instintivamente já sabia, um prato de comida lhe seria servido. Sem perguntas, sem interrogações, sem respostas. E assim se sucedeu, Belinha comeu e partiu no seu silêncio coberto pelo seu casaco de lã.
Voltaria muitas vezes, dividiríamos com ela nossa comida, comeríamos observando-a com um sentimento no coração que só Belinha despertava. Que só as belas despertam.
O Carmo de minha infância era assim, povoado por figuras que no meu entender de garota, não pertenciam a este mundo, hoje vejo que pertenciam sim, pertenciam ao mundo daquela Carmo do Rio Claro.
O Delegado, o Bráz, Seu Chiquinho, o cego, que morava no fundo da casa paroquial.
Seu Chiquinho, assim como Belinha, aparecia para almoçar.
O Delegado também teve sua passagem, de novo voltando da escola, lá o encontro, dormindo no sofá da minha casa, se recuperando de mais uma de suas bebedeiras.Lembreo-me também de uma negra alta e esguia que morava perto da igrejinha de Nosso Senhor dos Passos, um dia quente de muito sol, fui impossibilitada de entrar em casa pois ela estava caída na porta num sono profundo, disseram que havia bebido. (a Lúcia)
Geralda, odiada pela minha cadela Pit, não Bull, vira lata mesmo. Ia tomar seu caneco de leite todos os dias, e uma vez teve um ataque epilético na sala. Já havia visto outros na rua. Dava-me um pouco de nojo, não maior que a curiosidade por este mundo habitado por pessoas tão impressionantemente fascinantes.
O que levava estas pessoas a entrarem em minha casa, será o fato de estar em uma rua perto da praça, perto da igreja, será o fato de sua porta estar sempre aberta?
O que pensou Belinha quando sentiu fome e escolheu aquela casa para entrar e nenhuma outra da rua? Que fascínio esta casa exerceu sobre o delegado para que se sentisse tão a vontade a ponto de dormir no sofá?
Uma casa é uma casa, feita de tijolos, madeira e cimento, coberta de telhas, umas maiores, outras menores, umas bem melhores que as outras. Mas é quem as habita que as tornam especiais, que lhe enchem de luz, de perfume, que a fazem pulsar como um coração.
São três mulheres que se tornaram o coração desta casa e o fez tão grande que o seu pulsar era ouvido por todos, pelos loucos, pelos bêbados, pelos jovens, por todos que conseguiam ouvir.
Atraindo-os como uma aranha atrai um inseto para a sua teia. Mas quando enveredado nesta teia não eram digeridos por ela, eram alimentados. Recebiam ali o que não se encontra em qualquer lugar, o mais puro amor e generosidade.
Vivi ali os mais felizes anos da minha vida, carrego comigo lembranças preciosas.
Na Dr. Monte Raso 55 com ações e gestos me ensinaram o que é o respeito, o carinho, a aceitar o mistério, o diferente, com uma tocante simplicidade.
D. Alice. Nivalda e Elisa, de algumas sou parte da carne, de outra sou parte do espírito.
Vocês estão em mim pois sou quem me ensinaram a ser. Obrigada.
A vocês que agora estão no céu e aos que ainda estão na terra e nesta comunidade. Felicidades.
CASOS DA ÁGUA LIMPA!
Em Minas Gerais, ouvi muitas histórias, principalmente as que se passaram na Fazenda Água Limpa. Com a licença poética, recriei a história de uma mulher que passou por aquelas paredes e lhe dei um outro nome:
OLONTINA
Tudo isso se passou por volta de 1897. Era uma vez dois irmãos: um muito bom, um muito mal. João Tromba, o bom, era amoroso com os negros. Zeca Tromba era uma peste. Olontina, filha do coronel vizinho da fazenda, amava João Tromba, mas seu pai resolveu dar sua mão para Zeca Tromba, porque era ele o mais velho.
Olontina, com os mais fundos olhos possíveis e a mais terrível das emoções no peito, prepara-se para se casar com Zeca Tromba. Homem ríspido. Duro de roer. Andava com um laço manejando-o no ar e ai de quem tivesse na frente. Se João Congo passava mesmo ao lado, o chicote lambia o lombo do negro sem dó nem piedade.
Maeva, a pajem, prepara um banho para Olontina, em água perfumada de colônia. A moça,
- Que é isso, sinhá. Homem nessa circunstância pode até se acalmar, quem sabe ele pode ser bom com você.
- Acabou. Rios de lágrima.
- Acabou, minha vida acabou. Terei que deixar João Tromba, o meu amor.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
CASOS DO JOB
O Job conta a DONA NICOTINHA:
PODE UMA CASA HABITAR UM CORPO?
COPOS DE LEITE
É tudo assim ou é imaginação?
Será que a poesia toma conta de mim
a tal ponto que ela exista para mim
em tudo
Antes da vida ser o que ela é?
Às vezes, penso que não vejo o mundo como ele é,
mas o imagino.
Não vejo com os olhos.
Mas com os olhos dos olhos.
Hoje agora aqui a poesia me visita
E os copos de leite de Fazenda Água Limpa
Brancos se fazem,
habitando o dia em Belô.
Nessa manhã de frio.
As geadas do sul de Minerais.
Onde até hoje os carneiros pastam
e os homens casmurros vestem mantôs
de lã de carneiro.
Tempo frio e distante.
Um frio que corta.
E esfria meus pezinhos de criança
Em plena maturidade
Pode uma casa habitar um corpo?
A casa da Fazenda Água Limpa é parte do meu corpo.
Nela nasci e cresci, como uma casca em volta de mim.
Não existo sem suas longas paredes
E sem suas 39 janelas de puro espaço e visão.
Esquecer a Fazenda Água Limpa é como esquecer o começo
Menina de pés no chão
Cheiro de esterco! O fogo apagô cantando eternamente na Várzea
Dos meus sonhos.
Tempo de pai vivo.
Até hoje as paineiras imensas
Matronas e grotescas olham para mim
De dentro do tempo.
Elas, os muros de pedra, o adobe das paredes
Tudo me fala de mim, meu sangue, dos meus ancestrais.
E consigo acordar de novo meu pai Edmundo
Minha mãe Nivalda e a renca de irmãos
e com eles correr
pelas grandes tábuas largas cheias de um ventinho gostoso
Que vem lá dos grandes porões.
Os porões, os morcegos. Os negros.
Imensas toras contam caladas.
As pedras vindas de longe confirmam.
O pé direito alto dá testemunho de um tempo bem mais espaçoso
e fresco
Um tempo onde todo mundo tinha tempo.
A casa conta coronéis e sinhazinhas.
Conta fantasmas.
Mitos e mistérios.
Fazenda Água Limpa.
Seu nome retumba pela região.
Na várzea, tuiuiús, garças brancas e cor de rosa, patos, marrecos... Gaviões, tucanos, maritacas, papagaios... Ainda se vê lobos por lá. Capivaras, Tatus.
O Lago de Furnas na paisagem
lembra que a água veio,
mas não chegou na fazenda.
Lá deságua o Rio Claro.
Lá corre o reguinho de águas puras
Um dia um beija-flor do rabo branco me visitou.
Estava meditando na beira de um riacho.
Três vezes voou sobre a água, diante de mim.
Na família anuncia morte.
Mas desta vez, tinha certeza
Anunciava vida.
Que Deus, no beija flor,
era resposta às minhas orações.
E me presenteava com aquele sinal,
só entendido por alguém
que um dia teve o privilégio de conhecer Alice Figueiredo.
Ela tinha premonição dos beija-flores.
O beija flor apareceu ali mesmo,
entre os copos de leite da Fazenda Água Limpa.
24 de junho de 2009.
SOU PEIXE DE REPRESA!
Sou peixe de represa
Água profunda
Mistérios de água doce
Ondas pequenas ao sabor do vento
Tilápia bagre piaba lambari
Sou peixe fedorento de água represada.
Trago marcas escuras de sol sem sal
Cor sem o tempero do mar.
Tenho um mar de água doce me afogando
E um domingo gordo
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
O NOSSO GABRIEL VILELA!
O grande Gabriel Vilela, um verdadeiro gênio como cenógrafo e diretor, nasceu em Carmo do Rio Claro. A sua avó Carmelitana é irmã da minha avó Alice Figueiredo. Quando pequeno, ele ia lá para a Fazenda Água Limpa, onde brincávamos de cavalo pelos montes de Jerônimo, o Herói do Sertão. Ele começou a dirigir teatro cedo, logo que saiu do Carmo para estudar teatro em Sampa. Lá, começou a ganhar prêmios. Seus espetáculos são barrocos e contam todas as histórias com um gosto de Minas Gerais, de Carmo do Rio Claro, das águas da jacuba. Para nós, ele é Biel.
CASOS DO JOB
Alguns carmelitanos sonharam muito alto para Carmo do Rio Claro, contou o Job. "Pedro Tito Pereira planejou fundar uma nova Carmo no Paraná. Era um idealista. Meu pai (Edmundo Soares) ia ser o gerente do banco.
Francisco José Macedo, mais conhecido por Francisquinho, queria levar o Flamengo para o Carmo e instalar ali uma base aérea. Detalhes: "nem campo de aviação o Carmo tinha"
PERSONAGEM
Cuidava dela a preta Quirina, de dentadura vermelha e dois bons olhos sempre marejados. As duas pareciam sair de dentro da história. Já então, personagens. Mocinha ficava brava e batia a bengala para todos os lados, quando a criançada puxava suas saias, quando andava pelo jardim.. Nossa vontade era entrar no quarto de Mocinha, onde só Quirina entrava e de vez em quando, sua sobrinha Size, pulava suas janelas. O quarto de Mocinha que vive em mim está cheio de baús e prendas, de broches, colares, camafeus, anéis, lenços e sedas caindo pelas arcas. Diziam que só ela limpava seu quarto. Então, imaginávamos baratas, aranhas e morcegos no quarto de Mocinha.
Ela era uma das amigas de vovó Alice. E de vez em quando pedia, escrevendo em nossas mãos, sabonete. Perfumados, cheirosos. Restava-lhe o olfato.