domingo, 7 de agosto de 2011

UMA VISÃO DO ALTO DA TORMENTA!

O RIO SAPUCAÍ
QUE SE TRANSFORMOU NO LAGO DE FURNAS

"José Alves, em suas andanças em Carmo do Rio Claro, a procura de vacas leiteiras, percebia que a cidade dos Trumbucas não era mais aquela que conhecera, quando trabalhava com Calisto Luppi na construção da ponte Melo Viana.A cidade fundada por José Barbosa de Arruda e Domingos Ferreira de Avelar, ambos pertencentes à bandeira do lendário desbravador Lourenço Castanho, que marcou época procurando ouro, prata e índios ariscos que recusavam o cativeiro.

...Ele subiu no topo da Serra da Tormenta e contemplou a cidade simpática, hospitaleira, a sinuosidade do Sapucaí, exuberante e repleto de segredos. Lá distante avistou as serras da Tromba, do Córrego Bonito, dos Ferreiras, do Tabuleiro e dos Pinheiros, além dos vales do Itapixé e de Três Barras. No pico de São Gabriel, nos píncaros da Tormenta, fustigado pelo vento, contemplou deslumbrado a beleza paisagística de Carmo do Rio Claro, lembrando as histórias de José Joaquim de Santana, vindo da fazenda dos Trumbucas, imediações de Nepomuceno, para erguer no sopé o arraial pertencente ao município de Campanha.

Alves não cansava de admirar as curvas do majestoso Sapucaí, espremido entre montanhas, lembrando com saudades imensas da Companhia de Navegação do Rio Sapucaí, fundada no século XVIII e mantida pelos carmelitanos durante anos com tanto orgulho. Não esquecia os vapores cortando a massa líquida, transportando cargas para Porto Pena, Porto Ponte, Porto Belo e fazendo ligações com outras cidades e com o mundo... distante, a chaminé imponente do Porto Belo, na proximidade da Cachoeira das Cruzes...

José Alves, impressionado com os 1.290 metros de altitude da serra desceu com certa dificuldade a pirambeira e foi direto a Igreja Matriz, para mostrar ao filho curioso a imagem de Nossa Senhora do Carmo, obra do italiano de Módena, Calixto Luppi, um ateu cantor de ópera que gostava de esculpir santos...

"Me deu uma tontura das braba"
Antoniel, deslumbrado com a paisagem do alto da Tormenta, segurou no braço musculoso do pai e observou:
"É por causa da artura, pai".
José Alves olhou para o filho, com os olhos molhados de lágrimas e respondeu, com a voz embargada:
- Num é não fio. É que eu alembrei que esse mundão vai sê tudo coberto pelas Furna".

(Mandassaia - ... Naquela época...quando Furnas era o Crime do Século - Ildeu Manso Vieira)

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