domingo, 8 de janeiro de 2012

Senhora do Carmo!

(No casamento da mamãe, Nivalda, em Aparecida do Norte, ao seu lado, a Tia Naide)

Recebi este texto do Rogério Freitas, que mora no Rio de Janeiro. A lembrança da mamãe e da Tia Naíde veio num dia em que eu lembrava da minha família e da vocação para a caridade. Havia separado umas roupas para doar para os desabrigados. Foi mesmo com minha mãe, minha avó, minhas tias que aprendi a ser solidária. Mais que nunca precisaremos desta solidariedade, em tempos de tantas tragédias! Nós, que vivemos a "tragédia" de Furnas e vimos nossas famílias se unindo para ajudar os desabrigados ambientais. Obrigada, Rogério, pela sua contribuição. Gostaria que nos mandasse fotos suas e da sua família para postarmos neste blog. Veja o texto que ele enviou:


"Gosto imensamente do seu blog “Senhora do Carmo”... página muito bacana, recheada
de nostalgia, causos, registros e vivências ocorridos na nossa terra natal. Acredito que
todos nós, carmelitanos de coração, nascidos em Carmo do Rio Claro, temos as nossas
Senhoras do Carmo. Confesso que as tenho também e procuro guardá-las na memória
e no coração. Em 2011, a minha “Senhora do Carmo”, Dona Lúcia Alves de Freitas,
foi ao encontro eterno com o Pai, mas nos deixou um legado singular – união e amor
familiar, algo inerente às mães dedicadas. Minha querida mamãe foi contemporânea da
D. Nivalda, sua mãe, e de sua tia Naide Siqueira, as quais se fazem presente na minha
memória e no meu coração.

D. Nivalda sempre foi muito alegre e contagiante, sua tiajá era um pouco mais reservada, mas demonstrava no dia-a-dia muita serenidade e educação. Essas são as minhas percepções da época de garoto morando no Carmo, e onde tive o prazer de conhecê-las. Certamente você deve estar pensando: “o que esse conterrâneo tá querendo com esse dedo de prosa?” Diria que um singelo registro para o seu blog, pois tive uma experiência marcante e vivenciada com elas e que merece serexternada.

Quando tinha uns dez anos de idade, final da década de sessenta, pisei em um prego
no quintal de casa e decorridos alguns dias comecei a sentir muitas dores na coluna
vertebral. Fui levado pelo meu pai, Geraldo do Tino, ao consultório do Dr. Luis Introcaso,
excelente e saudoso médico, para uma consulta. Dr. Luis me examinou e pediu para que
aguardasse fora da sala, pois conversaria com o papai em particular. Saí do consultório
e resolvi voltar para casa. Estava com muita dor e, chorando demasiadamente, não
consegui chegar até a minha casa, na Rua Dr. Bias Fortes. Fiquei sentado na porta de
uma loja, em frente à venda do Sr. Quirino Freire, aguardando o papai. Foi quando a
senhora sua mãe e a sua tia se dirigiram a mim, preocupadas com o meu choro, que
chamava a atenção de quem passava por ali naquele momento. Naquele mesmo dia, fui
transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto (SP) para um tratamento
que durou uma eternidade. Graças a Deus e com a dedicação da equipe médica
daquela instituição, consegui sobreviver a um tétano, doença gravíssima e assustadora,
principalmente naquela época. Sou muito grato a todos que torceram e me ajudaram,
em particular D. Nivalda e D. Naide que, sensibilizadas com a minha dor, não pouparam
esforços em me demonstrar carinho, preocupação e apoio naquele instante, como se eu
fosse um dos seus filhos. Jamais vou me esquecer daquele momento difícil, mas que teve
um final feliz. Fraternidade, carinho e amor ao próximo ficaram evidenciados naqueles
simples gestos emanados daquelas Senhoras do Carmo. Sem sombra de dúvida, este é o
meu agradecimento que torno público após quatro décadas.
Abraços do Rogério Freitas. Rio de Janeiro, 06/01/2012."

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