sábado, 25 de agosto de 2012

No tempo da escravidão...

Alexandre Pinto Magalhães, primeiro grande fazendeiro de Carmo do Rio Claro, faleceu em 1815 fez um inventário.
"Entre os bens constavam: vinte oitava de prata, caldeira, 3 tachos de cobre e mais duas tachas velhas; 1 candeeiro de cobre, 5 foices, 3 enxadas, e mais 3 sem cabo; 3 machados, 1 arroba de ferro, 1 ferramenta de ferro, 1 tenda de ferreiro, 1 fagote, 1 farda agaloada de pano azul, 1 mesa pequena, 1 par de canastra, 1 armário, 2 catres, 1 mesa velha, 5 cangalhas velhas, mais 14 bois de carro e 4 éguas.

Possuía 14 escravos: Feliciana (18 anos, crioula, costureira), Joana (44 anos. mina), Francisco (87 anos, Timbre), Manuel (54 anos.mina), Fabiana (54 anos.mina), Silvestre (46 anos.crioulo), Antônia (60 anos.mina), Ângelo (10 anos.crioulo), Antônio (55 anos.mina), Antônio (46.mina), Joaquim (50 anos.benguela), José Pinto (63 anos.angola), Luís (78.malê) e João (60 anos.benguela). Na sequência do inventário, foram acrescentados 6 escravos: Maria (40 anos.benguela), Francisco (24 anos.crioulo), Vicente (18 anos.crioulo), Mariana (18 anos), Ana (15 anos) e Porfírio (1 ano).

Entre os bens de raiz são citadas: uma morada de casa coberta de capim com monjolo e com engenho de cana, de água, coberto de telha. Um moinho e roda de moer mandioca; terras de cultura denominada Rio Claro. Nas divisas desta; são citadas: Fazenda do Campo, Alto da Cana, Córrego da Barra, Calchoeira Grande do Rio Claro, Vertende do Cavaco, terras de Manuel Alves da Costa, de Antônia Rodrigues Pereira, Serafim Rodrigues Pereira, Ponte de Serra Negra e Serra de Santa Quitéria."

(Texto retirado do livro O Quadro de Saudades - Carmo do Rio Claro, de Celeste Noviello Ferreira)

Este inventário conta muito sobre aqueles dias. Mostra a origem dos negros carmelitanos - negros crioulos, mina, malê, benguela. Tempo de canastras, de tachos, cangalhas. Onde as ferramentas eram todas de ferro e ferreiro era uma profissão imprescíndível. Tempo de moer grãos, de monjolos. 

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