segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

QUE SAUDADES DO TAPETE DE CORPUS CHRISTI


O ano inteiro a gente reciclava produtos para o Corpus Christi. O café coado era guardado, a serragem das carpintarias eram disputadas e coloridas, as tampinhas de refrigerantes ganhavam coloração prateada, cobertas por papel laminado. Cada casa tinha sua estrutura/forma, não sei como se chamava. Logo de madrugada, acordávamos -para as crianças era uma festa - e começávamos a enfeitar o tapete de frente da nossa casa. Inesquecível o aroma das flores e folhagens usadas nos enfeites. Havia alguns que eram concorridos. Alguns colocavam até frutas - uvas e folhas de parreira. Depois de feitos os nossos arranjos, andávamos pela cidade para espiar os outros.
A Igreja achou então que a feitura do tapete desviava os fiéis do verdadeiro objetivo da festa. Que ridículo! Se ali estávamos reproduzindo um gesto feito pelos fiéis há dois mil anos, para que Jesus andasse sobre ele e pensávamos nisso não apenas naquela manhã inesquecível de junho,quando um friozinho começava a chegar devagar no sul de Minas junto com as mexericas, mas durante todo o ano, reciclando e guardando.

É realmente uma pena que tenha acabado. No centro da cidade, porque sei que na Rua Nova o tapete ressurgiu. Parabéns ao Padre Ságio! Quem sabem poderíamos ressuscitar o tapete em volta da Igreja Matriz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário