Um dos meus livros inéditos é o Hortência Paineira, Inventário das Águas, onde conto na forma literária a história da família Figueiredo, ali chamada Paineira, e de Carmo do Rio Claro, náufrago da hidrelétrica de Furnas. Todo o imaginário que pairava sobre a minha infância, a temida água, onde tantos morreram afogados. As perdas. As dores. As partidas para outras paragens. A pobreza nas ruas. O banzo no coração. Ainda antes, o tempo do vapor, do Rio Sapucaí, na época da Vó Alice. O Porto Carrito. Os diversos personagens que habitaram a minha infância e as ruas de Senhora do Carmo, onde poesia, verdade e mentira se misturam para contar uma história, para registrá-la, sanha de jornalista e escritora.
O próximo passo é dividi-lo com vocês que, com certeza, vão se identificar, pois é a história de todos nós. Eu o dividi com o primo Tom, que partiu há pouco, nos deixou desalentados e com saudades que se esparramarão pelos dias. Ele me enviou, via e-mail este comentário que hoje muito me honra.
"Eis que termino,
náufrago nas águas de Furnas, o seu magnífico
Hortênsia Paineira.
Se as emoções contam, posso dizer
que passei por todas, com
destaque para a urdida melancolia de seu texto,
ainda que o fecho
seja impregnado de humor.
Prometo para breve considerações
talvez consistentes, talvez não,
como sempre ocorre.
Nesse momento estou apenas
transmitindo o impacto que a sua
fabulação teve sobre mim, com o relicário da
incrível saga dos
Paineiras".
Cleisinha, que delícia de foto e de comentário! Sempre que leio o Tom, o vejo e o sinto. Quanta falta, quanta saudade!
ResponderExcluirPrecisa publicá-lo!
Beijão,
Carla Soares