quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A paineira da Fazenda Água Limpa

Esta é a famosa paineira da Fazenda Água Limpa. Quem a conheceu, sabe que ela tinha um tronco enorme. Nas fotos, ela está protagonizando uma morte bela e lenta. Veja que numa das fotos ela se tornou um portal. Em uma outra, que infelizmente não localizei, ela fez um coração. Mas a sua morte tem histórias que passam pelos planos da fantasia e da realidade.

Há muitos anos, na década de 80, decidimos limpar a casa. Uma casa antiga devia guardar muitas energias negativas, espíritos escuros. Enfim, várias mulheres toparam enfrentar a empreitada de limpar a Fazenda Água Limpa.

Eu comecei a maratona de limpeza varrendo a casa toda, enorme...Depois varrendo o ar com vassourinhas de alecrim. Aí veio a Toninha, dona da casa, jogando sal bento por um padre nos quatro cantos da casa. Minha irmã, Tata, rezou o exorcismo católico - arrepiando-se - em todos os quartos. Enfim, Elisa, minha mãe mulata, veio com uma frigideira queimando palha de alho.
Foi muita "bruxa" junto. Havia que transmutar aquilo tudo.

Tata foi embora para casa - sua fazenda fica ao lado - cheia de arrepios e presságios. É um pouco sensitiva. À noite, ela sonhou que de todos os cômodos da casa, dos porões e das casas dos camaradas saíam espíritos e sombras entravam dentro da paineira e saíam por cima.

Passou um tempo, caiu o primeiro galho. A paineira morreu. Transmutou aquela energia toda? Creio que sim, deu a vida pela Fazenda Água Limpa.

As paineiras sempre fizeram parte da família Figueiredo. Meu avô Pipoca, pai da Vó Alice plantou uma paineira em frente a casa do Job, que deu abrigo a muitos namorados, amigos nos tempos mais antigos. Também no Porto Carrito, onde Vó Alice e Vô Soares viveram, à beira do  Sapucaí, conta o Job, que havia uma imensa paineira, onde a criançada almoçava. No tempo ainda do Vapor Francisco Feio.
Foto de Ed Figueiredo. Fazenda Água Limpa.

Na foto acima do banner do blog se vê a paineira do Vô Pipoca.

"Sou uma doce paineira
e teço espinhos e painas 
às vezes me tinjo de rosa
cor rosa nas minhas vestes
ou espinho 
e seco.
Sou paineira
tempo
tempo."

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