sábado, 26 de novembro de 2016

Lembranças de Natal

Natal para mim, quando criança, era um encantamento e com muito menos luzes e consumos. Madrinha Tata e Natanael iam buscar galhos de árvores para improvisarmos a árvore. Era uma aventura.
Nossa árvore era mais rústica que esta, mas de galhos retorcidos também.
 Depois, catar musgos para o presépio. A árvore ganhava pedacinhos de algodão e grandes bolas coloridas, daquelas antigas que quebravam quando caiam no chão. Ficava lá, imponente no canto da sala. No outro, o presépio. Tinha adoração! O chão era forrado de musguinhos verdes e um pedaço de espelho fazia as vezes de um laguinho. A cena me emocionava. Jesus, Maria e José. O menino em palhas. Cercado por vacas, cavalos e carneiros. Faziam uma estradinha de pedrinhas por onde andavam os reis magos. Todas as manhãs eu dava um passinho a frente. O bercinho ficava vazio, só iria para o presépio no dia do Natal. E era eu quem o colocava exatamente a meia noite. Em casa não havia ceias naquela época. Na cozinha havia sempre um pernil assado, farofa, arroz, pão de queijo. Pra lá, iam os gatos pingados que íamos encontrando pela rua. Lembro de uma vez que foi para lá a Berenice e o Tiãozinho meu irmão e foi muito bom. Com chuva, como sempre. No outro dia comíamos a "soca", o pernil durava dias!
A praça era assim na década de 60.

 Na praça de Carmo do Rio Claro de então, apenas uma grande árvore ganhava luzes coloridas de vermelho e azul, mas bastavam para encantar o coração de menina que sonhava com o único presente de natal que ganharia. Não é como  hoje, profusões de presentes. Época econômica. Acreditei em Papai Noel até os 7 anos. Eles diziam que havia passado um avião e que a barba do Papai Noel ficou para fora. Teimávamos em nos manter acordados para ver sua entrada pela chaminé. Mas o sono nos vencia. Deixávamos o sapatinho ao pé da cama. Pela manhã, ali estava solene, o presente. Quando descobri que não existia Papai Noel, fui com papai e mamãe, mais a Carla e a Cláudia, minhas irmãs, de noite, comprar os presentes. Fomos à Castelã e compramos três velocípedes para nós mais velhas. Voltamos pedalando enquanto os irmãos menores dormiam o sono de meninos.
Presente feito na Fazenda Água Limpa no ano passado.

Por isso, sempre fiz questão de fazer árvore de Natal e presépio. Sempre colori os natais de meus filhos. A mais nova acreditou em Papai Noel até nove anos. Aí, começou a ganhar gozação, lógico né? Ela jurava que existia, porque mamãe não ia mentir para mim. Imagina! Aí, em um dia qualquer, ela lembra: "a minha irmã vira pra mim, do nada, eu estava assistindo tv, Papai Noel não existe!" São histórias de Natal. Antes, ficava viajando em presentes, levava pra todo mundo. Depois, passei a fazer um oráculo, com pequenas bugigangas e mensagens, dentro de uma caixinha de fósforo. Cada um tirava a sua. Era um sucesso! Este ano não fiz as caixinhas e não sei se terei tempo. No Natal do ano passado, a família Soares fez um Natal diferente. Cada um doou roupas, sapatos, adereços e virou um grande brechó. Ganhei mais de 15 presentes. Achei chic! Moderno. Chega de consumismo.Já fiz a árvore. O presépio doei para o Natal do Carmo e não comprei outro. Quebrei uma tradição. E presentes, estou morrendo de preguiça de comprar.

O Primeiro Natal em Sampa
Compras? No Mappin. Carros? Imperava o Volkswagen.

Quando fui para São Paulo, aos 18 anos, o Natal cresceu em cores, luzes, presentes. Foi um encantamento. Trabalhava na Zeitel Engenharia, em Higienópolis, ao fundo, havia um estúdio de modelos. Ensaiava ali um grupo de teatro, onde figuravam Paulo Beti e Eliane Giardini. Deles e dos modelos ganhei presentes. E da empresa, uma festa em um restaurante. Fui, lindíssima, de longo e sandália de salto alto marrom. A lembrança me veio agora clarinha. Entrei na caipirinha, fiquei bêbada e chorona. Ao lado do dono da empresa, o saudoso Biro Zeitel, um homem maduro e lindo, chorei as pitangas. Estava ali em São Paulo com mais três irmãs, em um quitinete, vivíamos com 3 salários mínimos, ainda pagava o cursinho (não sei como dava!), comia mal. Saudades da minha terra! E lágrimas. Resultado? Comecei janeiro com um aumento, tipo, ganhava R$ 800,00 fui para
R$ 1.200,00. As compras eram feitas no Mappin ou na Zé Paulino. Aquele natal realmente foi gordo e diferente dos natais do Carmo de antigamente.



Você tem lembranças de natal pra contar? Manda pra mim no cleisempsoares@gmail.com e publicarei. 

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