quarta-feira, 2 de novembro de 2016

No dia de Finados...

Meu lado saturnino sempre me levou a gostar de velórios, cemitério. Ali, onde está declarada a verdade, tudo passa. Encarar a morte pra pensar a vida nesta perspectiva, sem ilusão. Desde mocinha, ia visitar o cemitério do Carmo. Fazia ali novenas e gostava de ir à tardinha, quando uma melancolia cobria o ar. Sempre que ando pelas suas alamedas me espanto com o rosto das pessoas que morreram, algumas que já nem me lembrava. É um museu de personagens.

Nesse dia dos mortos, é pertinente relembrar. Alguns túmulos são bem conhecidos: o da Silverinha, uma santinha. Quando fazia as novenas, depois passava na sua casa, um quartinho simples. Ela padecia de várias doenças e tinha um cotoco de mãos, onde rodava um terço em oração constante. Ia ali, deixava alguma coisa e pedia a sua benção. Hoje, seu túmulo vive iluminado pelas velas. Outro túmulo que conhecia e era também reverenciado, era o do Padre Risolia. No cemitério também estão sepultadas duas freiras francesas que vieram para viver no Colégio das Irmãs e morreram no Carmo. Hà lindos túmulos com imagens de Jesus batendo à porta do céu, anjos barrocos, sempre me encantaram. Tenho minhas visitas particulares, ao túmulo onde estão meu pai Edmundo, minha mãe Nivalda, minha avó Alice. Em outro, próximo, a Elisa, minha segunda mãe. Que Deus os tenha!
Cemitério de Carmo do Rio Claro

Neste dia também cabe lembrar do cemitério que repousa debaixo da prefeitura e dos bancos. O cemitério antigo de Carmo do Rio Claro. Os ossos foram transferidos para o novo cemitério; os pobres, negros, enterrados no chão por lá ficaram. Dona Nicotinha Paiva plantou sobre ele um lindo jardim. Eu me lembro de um grande flamboyand e dos pinheiros.
Esta foto carrega uma história interessante. Esta figura meio embaçada é gente ou fantasma?
Já contei esta história, este jardim foi derrubado na Gestão Zeca Santana, para nada.

Tia Dolores lembra de antes deste jardim, quando as crianças brincavam na terra, jogando futebol com os crânios, Segundo o Job, "se remexer ainda sai osso". Muita gente passa por ali e não sabe, há  história ali embaixo.
Para Job, se revirar ainda sai osso.


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