quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Livro Não Autorizado dos Epitáfios

Quem conhece o Job Milton Pereira sabe que é extremamente espirituoso. Passei com ele momentos muito especiais. Ouvi histórias. Especulei e recebi respostas. Ele é dono de uma mente lúcida, sabe datas de nascimento e morte de todos os parentes. Um arquivo vivo. Eu o entrevistei por vários anos seguidos. 
Job Milton mora neste casarão à esquerda da foto. Nesta, que está em cima neste blog, mostra a famosa paineira plantada pelo Vó Pipoca, onde se reuniram os carmelitanos para conversar, namorar... Quando foi arrancada, causou protestos. 

Agora, em Finados, resolvi publicar aluns epitáfios do livro "O Livro Não Autorizado dos Epitáfios" - Encontre o Epitáfio certo para seu sono eterno"; Uma curiosidade. O Job foi convidado pelo Jô para ir ao programa. O Job não topou, disse que não queria passar vergonha em rede nacional. Pois me arrisco a dizer, que poderia o Jô passar vergonha com a rapidez de raciocínio do Job. Daria tudo pra ver o Job com o Jô.
Com Jó, em uma das muitas entrevistas que fiz com ele.

Apresentação: "Estas cento e cinquenta  inscrições tumulares, em quadras, contrastam com as comuns, que exprimem o sentimento de parentes, amigos ou admiradores, elogiosas e com a marca da eterna saudade. Entre outras coisas, os epitáfios que aqui se encontram repudiam o crime, verberam os vícios e aludem a determinados costumes ao seio da sociedade e falhas do caráter do ser humano.

 Aqui jaz um sem-vergonha
que não quis ser gente fina;
foi escravo da maconha,
cheirou demais cocaína

Preferiu a delinquencia
Não passou de desastrado.
Por faltar-lhe competência.
Viu o sol nascer quadrado.

Vagabundo declarado
(o trabalho, como enjoa)
mesmo assim morreu cansado
cansou de viver à-toa.

Com as boas causas coeso
errou sim, mas quem não erra?
Foi um cidadão de peso
Que lhe seja leve a terra.

Foi político solerte.
Foi destaque na cidade.
Mas o túmulo adverte:
cemitério é igualdade.

O inveterado fumante.
Como inalava a fumaça.
O tabaco delitante
Trouxe-o para cá, oh! Destraça!

Uma velha santarrona
bem conhecida na igreja,
Não passou de charlatona,
Falsa no 'louvado seja"


A última quadra é dedicada ao autor. Carmo do Rio Claro, fevereiro de 2005. Jó Milton Figueiredo Pereira.

Árvore ele não plantou,
Livro ele não escreveu,
E filho ele não gerou.
Então, Ele não viveu...

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