A foto é da nossa colunista Nana de Minas.
Como chovia em Carmo do Rio Claro nas décadas de 60/70, efeito da chegada das águas. Era chover, apagava a luz. Nesta poesia, relembro um dia muito especial, onde vi a lua mais maravilhosa da minha vida, após um temporal. Este tempinho de chuva inspira nostalgia e poesia.
CHUVA E LUA
Janelas batiam
com violência
surrando
taramelas
e a chuva de
nuvens negras
pesadas
insinua-se no
céu .
Queimadas as folhas do ramo bento
O missal está
aberto no Apocalipse
combatendo o
dilúvio com as previsões do fim.
A luz foi
embora aos primeiros relâmpagos
e as velas
iluminam as sombras
e os cantos da
casa antiga.
E como ela é
alta em ecos
instala um ar de pânico.
Ela veio
primeiro sorrateira
Gotejando em
telhas
com pingos
grossos e esparsos.
Aos poucos,
cobre a casa, o mundo, as pessoas.
Medrosos, todos
correm para debaixo dos cobertores
Coçando terços
nos dedos
Ou gritando em
desespero:
- Santa Bárbara
Milagrosa!
- Oh, meu São
Jerônimo!
Permanece um
bom tempo
Devassando as
ruas
Derrubando
barracos
E deixa o globo
da morte do Circo da Ivonete
armado
Reinando no
descampado.
E surge uma lua
imensa
A maior da
minha vida
Cheia,
imponente, ocupa o céu todinho.
A cidade
ainda às
escuras
E o povo sai às
ruas comentando as novidades.
Durante a chuva
Morreu um
santo,
José Maria
E uma parede da
sua casa também caiu.
- um sinal?
A mãe era um só
lamento. Ai ai ai ai...
E todos
comentavam ao pé da lua:
Ele era um
justo.
Choveu em sua honra.
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