segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Casos do Coró!

"E em um sábado triste em Carmo do Rio Claro e ao som da "Ave Maria" Tãozinho anunciava um falecimento ocorrido no dia anterior na cidade. As notas de falecimento eram anunciadas 6 vezes: duas com o alto-falante direcionado para o bairro Cascalho, duas direcionadas para o bairro São Benedito e duas direcionadas para a Vargem. Durante os anúncios toda a cidade permanecia tristemente silenciosa, como que espiando a morte. O som da "Ave Maria" ainda permanecia por algum tempo. Após mais alguns minutos Tãozinho aproveita que já está no cinema mesmo, troca a música e anuncia o filme do dia. Era um faroeste italiano com Lee Van Cleef. Sem se dar conta da relação entre o velório e o filme faz o anúncio mais ou menos assim: "E não percam hoje no Cine Guarani a partir das 20 horas um "coboiaço" italiano: A morte anda a cavalo."
O Tãozinho, do Cine Guarani.

 O Coró hoje trouxe-nos a lembrança o Cine Guarani. Um prefixo musical antecedia a sessão do cinema, La Paloma. A música cobria o Carmo e, com certeza, fala fundo ao coração dos carmelitanos que viviam na cidade naquela época. Em casa: corre gente, já tocou o prefixo! O filme tinha intervalo, onde comprávamos balas. A vontade das crianças era subir no camarote, onde ficavam os namorados. Ali, assisti vários filmes de suspense, históricos, de cowboy, de amor. Chorei lágrimas e lágrimas para o inexpressivo Dio Come Ti Amo, com Love Story. 
Nesse tempo, a estrada era de terra e não era incomum o "conjunto" contratado  para tocar em algum baile ficar atolado na estrada. Esta foto mostra a estrada sendo preparada para o asfalto. E a saudosa Rural.

Ali também assisti aos shows dos Álamos, os nossos Beatles, com direito a gritos histéricos na despedida. Eles se vestiam à moda de Roberto Carlos, botinha sem meia, blusa apertadinha, colares. Os nomes? Pipo, Chilin, Zangado e ??? (alguém se lembra?). Ficavam hospedados no hotel do Zé Matilde. Eu era criança, devia ter uns 12 anos e os visitava no hotel, que inocência. Ainda bem que os tempos eram mais inocentes. No show, voavam balas para Os Álamos, que encantaram a pequena Carmo do Rio Claro numa época com poucas novidades. 

É uma brasa mora! O Iêiêiê estava em alta. E as roupas começavam a ganhar um outro estilo. No mundo, os Beatles revolucionavam. No Brasil, surgia a Jovem Guarda, a Tropicália, a Bossa Nova.
Os Álamos vieram com o Milton Luís, de São Paulo. Depois, teve show do Sérgio Reis, aí levei para ele um coração de papel para autografar. E a Silvinha; fui eu a escolhida para entregar flores para ela, já que era uma espécie de cover dela. Cantava pelas redondezas... Eu sou tão menina pra me  namorar, por que será então que eu fui gostar de um menininho tão mal prá mim... 
Acho que esta foto é do Edinho e seus Brasinhas, de Passos, que encantou o Carmo na década de 70. Tocou no GEC antigo.

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