quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CASA DA NIVALDA

Aí está a " Casa da Nivalda ", como era conhecida na década de 70. A casa - que fica na rua Dr. Monte Razo - era super animada e jamais fechava. Mamãe foi fechar pela primeira vez a porta à chave, quando foi de mudança para Belo Horizonte. Quantos da nossa turma da década de 70 frequentaram a "Casa da Nivalda"! Havia sempre um chafezinho (uma vez comentaram sobre o café: eu não gosto de chá, mas este está tão gostoso! Era mesmo uma água de batata!) quente na cozinha. Moravam na casa meu avô Soares e minha avó Alice, minha mãe e seus sete filhos, o Joaquim/Toninha e filhos, o Sr. Joaquim (pai da Toninha) e a nossa querida Elisa. Depois que o movimento acabava no Bar XV, toda a turma ia para o alpendre da Casa da Nivalda. E ela ficava fazendo pipoca a madrugada toda, tricô e preocupada com as risadas da turma, que poderiam acordar os que estavam dormindo. Muitos bons tempos

Uma vez, um namorado alemão de minha prima Graça, que morava em São Paulo, disse para ela: - Não me interrompa, vou assentar aqui na porta e anotar quantas pessoas entram nessa casa. Isso é folclórico!

Hoje, numa das casas funciona a loja da Associação de Artesãos e a outra, foi reformada por sua proprietária, Ana Maria Vilela Soares, que fica ali quando passa dias em Carmo do Rio Claro.
A propósito: quem foi Dr. Monte Razo?

VEIA LUSITANA

REFLEXOS

Todo homem tem na vida

Uma porta aberta

uma varanda de sombras

E uma mulher andante

Louca e perdida pelas ruas da cidade.

O barbeiro.

O contador de piadas.

Todo homem tem inverno

Saudades

E sombra de paineira aconchegante

E garça branca no azul das águas.

Trago nos ombros

A gravidade da missa do galo

O sino da Igreja Matriz

E nenhuma serpente.

Vestidos de algodão

Trapos e homens de cócoras

Sorrisos sem dentes

Escancarados feito ventre de mãe.

Habitei minha infância à rua XV de Novembro

Atrás do Colégio das freiras

Ateei fogo em fósforos fluorescentes

Brinquei de boca de forno

Pique-no-ar

Mãe da Rua

E cavalinhos da “Oropa”.

Todo homem tem uma rua

Uma casa

E uma saudade grande

Arquivada e tatuada no M de sua mão.


Cleise Soares

Um comentário:

  1. Quanta estória qua tá riqueza e memória tem esse blog. Eu nem acredito q encontrei algo tão rico como isso, não sou carmelitano infelizmente, e também muito jovem para compartilhar de memórias e costumes como os descritos nesse blog mas amo Carmo do Rio Claro e você só deixa a cidade mais encantadora compartilhando essas estoria. Obrigado!

    Ps: minha cabeça ferve de ideias sobre essa " casa dá nivalda"

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