quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O TESTAMENTO DE JUDAS!

Vejam que engraçado o texto que o Cesar Marinho (Boquita) enviou para o blog, vocês conhecem esses personagens?

"Nos nove dias do mês de abril de mil novecentos e cinqüenta, nesta cidade de Carmo do Rio Claro, Estado de Minas Gerais, na Casa Lagartixa, de propriedade de meu particularíssimo amigo – o barrigudinho Fernando Macedo, aonde vim a chamado, compareci, eu, Satanás, Tabelião do Vigésimo Quarto Ofício do termo e comarca do Inferno, perante mim compareceu Judas Iscariotis, essa figura impoluta, de caráter sem jaça, da nobre e seleta família dos Iscariotis e Lombricóides – num preito de grande amizade e saudade eterna, lança aqui aos seus diletos amigos e companheiros o seu testamento, esperando assim agradar todos os seus capangas que ansiosos estão para ver a sua caveira.

Então perante as testemunhas incapazes e mesquinhas Osvaldo Alves da Silva, José Severino da Costa, Mozart Gonçalves, Nicanor de Castro e Joel Pereira – me declarou ele testador que queria fazer seu testamento, pelo que me foi ditado, eu o escrevi e é o seguinte:

Eu, Judas Iscariotis, hipócrita, covarde, desclassificado, vacinado contra a peste, o tal que as creolas preferem, porque dizem que eu tenho it, o bilu-bilu da mamãe, o teteinha do papai, enfim o gostozão, deixo aqui o meu precioso testamento, cujos herdeiros serão os meus companheiros de cachaçadas, serenatas e de bailes no Quitandinha. Espero que meus companheiros de traição não se zanguem com os presentes.

Lá vão eles:

Ao Miguel o beque bamba

De canela forte e dura

Deixo meu par da caçamba

E a minha dentadura.

O meu chapéu Panamá

Que veio da Guatemala

Pro cabelo atrapalhá

Deixo ao Dempsey do Balla.

Ao meu amigo Marcelo

Deixo meu terno amarelo.

Ao gostosão Luiz Palacini

A camisa de tricoline.

Ao Zé Alexandre de Oliveira

Os piolhos da cabeleira.

Aos estudantes de Guapé

As minhas meias com chulé.

Ao Miguel Rosa e ao Ladico

O meu adorado penico.

Ao simpático Rubinho

Deixo o meu colarinho.

Ao Fernando e ao Paulo Junqueira

O Antonio Jacinto Ferreira.

Para o Lolô que me ama

Deixarei o meu pijama.

Ao Zé Joaquim o portento

Recomendo o casamento.

O Totó e o Zeca

Repartam a minha cueca.

Para o Marcílio Vilela

O poder de tagarela.

Não posso jamais esquecer

Do meu amigo Siluca

A ele deixo um abraço

E um beijinho na nuca.

Ao meu amigo Ari Balla

Meu companheiro de troça

Prá ele se divertir

Deixo a minha sarna grossa.

A minha chuteira novinha

Que eu ganhei do Zébedeu

Ficará uma gracinha

No pezinho do Amadeu.

Ao René e ao Renato

A cada um um sapato.

Ao amigo Abrão Elias

Deixo minha covardia.

Aos torcedores do Flamengo

Uma Nêga cheia de dengo.

A todos os estudantes

Oito doses de purgante.

Ao simpático Nen Cabral

A morte quando o sol raiar.

O Zico que é chauxfer

Ficará com minha mulher.

Ao Vicente Barbeirinho

Vulgo bigode de arame

Prá engordar um pouquinho

Três bexigas de salame.

Agora chegou a vez

Do Francisquinho e Anício

Deixo minha barrigueira

Meu peitoral e rabicho.

A corda que me enforcou

E que muito me dá saudade

Servirá para enforcar

O amigo Sebastião Trindade.

O meu terninho surrado

Com cheirinho de suor

Prá andar bem alinhado

Ficará para o Nabor.

Ao 1° ano normal

Minha fantasia de carnaval.

Ao Abrão almofadinha

A pose e a gravatinha.

O gracioso Paulo Jacó

Ficará com minha avó.

Ao gorducho Dininho

Deixo todos os meus filhinhos.

Ao Alfeu e ao Domingos

O meu moderno cachimbo.

Para o Corsini e o Abel

2 garrafas de mel.

Ao Mario Vilela Pereira

Uma porca parideira.

Ao Zé Flávio amigão

Deixo todo o meu coração.

Ao Valter que é muito sério

Uma cova no cemitério.

Aos torcedores do Fluminense

Um purgante da água venense.

Ao José Augusto Ribeiro

A profissão de fogueteiro.

Para o Orlando Peres

Deixo o título de alferes.

Ao amigo Abel do Tino

Deixarei meus intestinos.

Ao Miro que é um colosso

Prá fazer bife no bar

Deixo a carne de pescoço

Pois todos hão de gostar.

Recordações, abrações e beijos

Ás alunas da Escola Normal

E uma bomba no fim do ano

São os meus votos sem igual.

Ao barbeiro da elite

O simpático Tetelo

Prá sarar de apendicite

5 quilos de farelo.

Para o amigo estimado

O mimoso Zé Ganguinha

Um arroto perfumado

De conhaque com caninha.

Ao simpático Manuel Prado

Amigo do coração

Deixo minha camisola

E o meu rasgado roupão.

Aos brotinhos do Carmo

Que eu adoro com fervor

Um lugar no Purgatório

Reservarei com amor.

Ao Laudarci Tomaz Elias

A minha cabeça vazia.

E para o Nelson Marinho

O meu lindo bigodinho.

Para o Nenzo e sua amada

Deixo a minha barrigada.

Ao Zé Rita e ao Zecão

O meu cavalo alazão.

E para o Geraldo Cardoso

Pinga com vinho amargoso.

Ao Nadim que é brigão

Deixarei um mosquetão.

Para o ilustre delegado

Uma tigela de melado.

Para o Cine Guarani

Dez filmes abacaxi.

Para o Lú e o para o Breno

Duas doses de veneno.

Ao Nelson Jacinto Ferreira

Deixo toda minha sujeira.

A Apriginho Vieira

Uma gauchinha faceira.

Ao distinto Biésinho

Deixarei um nenêsinho.

Ainda para o José Jonas

Um rabicho e uma sanfona.

O Toninho do João Tito

Ficará com meu cambito.

Ao Bartôlo que é muxiba

E me vendeu o paletó

Deixarei minha barriga

Prá comê-la com jiló.

O Nelson Trindade Pereira

Que é um leal companheiro

Prá tomar uma cachaça

Deixo meus trinta dinheiro.

Para o amigo Rachid

Rapaz esbelto e granfino

Prá fazer a toalete

Uma escova e um pente fino.

Ao Benedito “criatura”

Rapaz correto e distinto

Deixo com toda ternura

Um suspensório e um cinto.

Aos meus amigos malucos

Fernando e Paulo Junqueira

Além de um bom trabuco

Deixo ainda a cartucheira.

Ao Coluci apaixonado

Prá curar a sua sina

Deixarei com muito agrado

Um envelope de guaraína.

E para o Gerson e o Salomão

Minhas calças e o cinturão.

Para o Geraldo Marinho

Deixo dois lindos BROTINHOS.

Ao Luiz Gonzaga Vilela

Deixo o osso da canela.

Ao Fidélis e ao Coringa

Duas garrafas de pinga.

E a calça que é do Rubinho

Devolverei direitinho.

Ao amigo Barrilinho

Deixo o Fernando e o Paulinho.

Ao Domingos Jacinto Ferreira

Uma cinta e uma barrigueira.

Para o Antonio Damasceno

Uma carroça de feno.

O Nilson e o Moacir Vilela

Repartirão minha costela.

Aos torcedores do Glorioso

Um ano bem venturoso.

Ainda ao Fernando Macedo

Três litros de leite azedo.

Ao amigo Nenê Santana

Deixarei uma balzaquiana.

Para o Luiz Soares e o filho

Duas quartas de milho.

Ao Saul cheio de bossa

Uma bengala e uma carroça.

Ao Chiquinho da prefeitura

Deixo um par de ferradura.

Ao Zé Francisco ou Zé Chico

Que está querendo casar

Deixo a tampa do penico

Prá assim poder começar.

Ao Fernando contador

Contador só de potocas

Meu anzol que é um amor

Com caniço e a minhoca.

E ao Zé Ranulfo bancário

Que também já quer casar

Deixo-lhe o titulo de otário

Por tal atitude tomar.

Eu agora me dirijo

Com toda liberdade

Ao Edmundo Soares

O brotinho da cidade.

Prá esse viúvo “Dom Juan”

Que vive a enganar pequenas

Dou-lhe um conselho de irmã

Vá embora prá Alfenas.

A minha prenda d’agora

É para o Alberto Jacó

Deixo a ele minha espora

E uma cueca de filó.

Para o Paulo Magalhães

Que é rapaz apaixonado

Deixo a ele com amor

Meu retrato autografado.

E para toda mocinha

Que não sabe cozinhar

Reservo uma cadeirinha

Prá no Inferno assentar.

A minha viola de pinho

E meu formoso pandeiro

Deixo com todo carinho

Para o Roquinho barbeiro.

E agora para os brotinhos

E balzaquianas também

Um abraço apertadinho

E um beijo do Racém.

E agora prá terminar

Dou o meu adeus eterno

Havemos de encontrar

Nas profundezas do inferno.

Terminando muito bem

Escutem o que vou falar

Não deixo nada a ninguém

Pois foram me ver queimar.

Atenção

A sobra do dinheiro

Que a turma arrecadou

Deixarei ao testamenteiro

Que muito fosfato gastou.

E, assim, eu, Satanás, Tabelião, fiz este testamento, e confirmo ter nele escrito com fidelidade a vontade do testador Judas Iscariotis, que foi lido por mim em voz alta perante ele e as testemunhas presentes.

Assinado

Judas Iscariotis

Carmo do Rio Claro, 9 de abril de 1950

Osvaldo Alves da Silva

Jose Severino da Costa

Mozart Gonçalves

Nicanor de Castro

Joel Pereira

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