LAVA-PÉS
EDMUNDO FIGUEIREDO
Tenho os dois pé moiado,
E a alma agora muito seca,
Pela beleza desta triste sina,
Dos nosso terreno inundado.
Inundação sempre serena,
Olha que não foi a merreca,
Sim , verteu água, a malina,
Cobrindo sempre, bela cena.
Feito grande, bem hercúleo,
De nosso presidente sapeca,
Deste nosso Estado, as Mina,
Gorpiô inté os dotor, o Júlio.
Inté penso cumé que foi,
A fábrica deste jeito jeca,
Prima da América, a Latina,
Foro imbora todos seus boi.
Hoje, teimosa a seca feroz,
Me dói v^elar quando seca,
A água regurgitará, à mina,
Finando a maldade atroz.
Futuro incerto e armejado,
Não pode sê esta meleca,
Cumprindo o rio, sua sina,
De ser bitelo, mas amado.
Que venha bastante água,
Muito mesmo, não merreca,
Trazendo belezura, menina,
Onde a substânça deságua.
Ficamos tudo, bem bençoado,
Com a água, que às vez seca,
Graças a Deus, nunca termina,
Dispois de tá com os pé lavados.
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