sábado, 22 de fevereiro de 2014

Às primeiras batidas do tamborim, me deu uma saudade dos velhos carnavais....

Antes de ler este post, vá no youtube e coloque esta seleção maravilhosa de marchinhas

 http://www.youtube.com/watch?v=b__EHoYnFiA

Entrei no clima

A minha primeira lembrança do carnaval foi da Maria do Chicão desfilando à frente de um caminhão enfeitado de serpentinas. Era o desfile da SOC. Elisa, minha segunda mãe, me carregando no colo na esquina do Tãozinho. Elisa sempre adorou carnaval. Passava as noites, quando mais jovem, pulando na SOC.  Lembro também de uma arca cheia de fantasias e o Joaquim, meu irmão, na juventude, vestido com uma delas, uma blusa verde cheia de pontas e com lantejoulas. Neste tempo, o lança-perfume era liberado. Meu irmão, Luizinho, nos levou para comprar uma garrafinha no Sô Túlio. Era toda dourada e deixava um cheirinho gostoso no ar. O carnaval era mais mágico, todos fantasiados, muita serpentina, confetes e aquele aroma perfumado. Ela nos enebriando.


Já mocinha, no auge dos 17 anos, participei dos primeiros ensaios da Turma do Aguenta. Devemos ao fundadores do Aguenta, Maurício e a Norinha, a preservação do carnaval de marchinhas em Carmo do Rio Claro. Também ao Hermes e toda a família do Miro. Ensaiávamos na casa dele. De dia, o roteiro era o Aterro, no Sô Domingos, onde batucávamos o dia todo. Até hoje a Turma do Aguenta preserva aquele ar do carnaval do GEC, que por sinal, era maravilhoso!
O Miro, Norinha... e Luizinho da Dona Ligia, no Sô Domingos.
Os saudosos Sô Domingos e Maurício.


Saudosos carnavais
Todo mundo fantasiava nos velhos carnavais...


Pulamos muito com o conjunto do Adão da Ventania. Em bailes e nos saudosos carnavais. Fizemos vários blocos. Às vezes, só as meninas da turma. Um mês antes reuníamos para queimar no sol, num tempo em que não se falava de protetor solar, mas de bronzeador. Num dos carnavais, usamos coca cola, diziam que era bom. Em outro, óleo de dendê, faz ideia o cheirinho das mocinhas! Para arrecadar dinheiro para o bloco, íamos para o aterro e cruzávamos uma corda para pedir aos que por ali passavam. E preparávamos as fantasias.
Paulinho - tudo de bom!


Uma vez fizemos o bloco dos piratas. O carro alegórico, um navio, foi feito e enfeitado ao lado da Casa da Nivalda. De lá, saía o bloco. A casa ficava puro confete e serpentina. Ali mesmo bebíamos nossa caipirinha, Cuba Libre, Hifi, capeta... Muitas vezes íamos para a casa da Verinha e Cacilda, a família era toda animada.

...Se a canoa não virar, olê olê olá.... Eu chego lá. Se a canoa não virar, olê olê olá...
....êêê indio quer apito, se não der pau vai comer.

Devemos muito a estes dois... Hermes e Cidinha.

Quem já me viu no palanque do Aguenta sabe que eu pulo com os olhos fechados, totalmente embriagada pela música. As marchinhas calam fundo no meu coração, realmente me emocionam.O gosto por carnaval veio também da mamãe, Nivalda. Ela adorava. Foi até Rainha do Carnaval nos tempos da juventude. Depois, meus irmãos, principalmente o Joaquim. Ele e a Toninha são presenças fundamentais no carnaval do Aguenta. No palanque, o filho deles, meu sobrinho Joaquim José, o Quinzé. No gogó, outro primo, o Ricardo Pereira, que herdou o gosto pelo carnaval da linha da mamãe, ele é filho do Tio Nelson. O Paulinho da Sulica também é um show! Toda vez eu reverencio o Aguenta lá do meio do público. Mando beijos. Mando para eles todo o meu amor e gratidão por preservarem o carnaval do meu coração.

....quem sabe sabe conhece bem como é gostoso gostar de alguém... ai morena deixa eu gostar de você...
.... nós, nós os carecas com as mulheres somos maioriais, pois na hora do aperto é dos carecas que elas gostam mais.

Era a Norinha...
A Norinha esteve sempre ao lado do Maurício na história da Turma do Aguenta.

Teve um carnaval que um personagem despertou a curiosidade de todos os foliões carmelitanos. Passou os quatro dias de carnaval com uma máscara cobrindo todo o corpo. Interagiu com todos no salão. Depois, viemos a saber que era a Norinha, mulher do Maurício, criador da Turma do Aguenta.

Bom demais era tomar uma fresca no jardim depois de uma seleção de muito pulo no salão. Namorar no jardim, beijar no jardim, apaixonar no jardim. Quem não viveu isto? Agora, ouvindo uma seleção de marchinhas sinto uma saudade dolorida. A gente fantasiava. Lembro que em 1975, quando morava em São Paulo em um quitinete em Santa Cecília bordamos fantasias de melindrosas, sonhando com o carnaval do Carmo. Já em BH, Cláudia, Carla e Cida, uma amiga de Belô, fantasiamos de gatas.
O carnaval hoje avança pela Wenceslau - aí o Bloco Kafofo.


...Caiu na rede é peixe eeea...eu não posso bobear....a maré tá cheia, cheia de sereia....
... Menina vai, com jeito, senão um dia a casa cai... Se alguém me convidar pra tomar banho em Paquetá...
...Ala la o ooooô mas que calor atravessando o deserto do Saara o sol estava quente e queimou a nossa cara..

No final do carnaval, mamãe passava um perrengue pra juntar as quatro filhas - Fatinha e Alice ainda eram pequenas. Ela achava uma, a outra escondia. Uma vez, quando o baile acabou uma banda tocava na porta da igreja. Inacreditável. Cinco horas da manhã. Mamãe nos levou embora. Eu fui, às lágrimas. Aliás, as lágrimas jorravam no último dia de carnaval. Era muito muito muito triste, porque depois do carnaval vinha a Quaresma, 40 dias de trevas. O Carmo parava, não tinha baile, era um verdadeiro tédio! Os visitantes iam embora, era muito triste. O Coró em um dos carnavais se apaixonou pela moça do conjunto, me esqueci o nome. Ele gravou o conjunto tocando. No último dia, chorou a noite inteira. Eu também último dia era dia de desaguar.
É o saudoso Miro (a cara do Lu)

Recordar é viver

...Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil....
deixa as água rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar..
...Dr. eu não me engano, meu coração é carmelitano...

Teve alguns anos em que nosso bloco tinha gente do Carmo e amigos de fora. Uma vez eles fizeram o bloco da Shell, com macacão. De Belo Horizonte vinham os primos Ricardo e Tião, os amigos Tasso, Caetano, o Duda, que era um fofo; do Rio de Janeiro, o Big Boy (Célio), o Boquita (César). Eles iam chegando e passavam pela Casa da Nivalda para cumprimentar as meninas da Nivalda - Carla, Cláudia e esta que lhes fala.
Coro com as filhas do Renato Vilela César. Ele era um mar de lágrimas naquele carnaval.


No fim do carnaval, a Churrascaria Tocha, do genial Moacir Vilela César, oferecia uma canja. Ali, gente, começou a tradição da canja no carnaval do Carmo. E no outro dia, íamos curar ressaca no aterro ou no Country, onde hoje é o GEC Náutico.

A estrela dalva, no céu desponta, e a lua anda tonta, com tamanho esplendor.... e as pastorinhas pra consolo da lua vão cantando na rua lindos versos de amor...

Está chegando a hora.... O dia já vem raiando meu bem...

Era de cortar o coração.
O Aloísio também cantou muito no Aguenta, antes de partir.



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