domingo, 2 de fevereiro de 2014

O PEQUENO TESOURO DE TIA IZOLDA

Na imagem da eterna Dona Olímpia de Ouro Preto, homenageio todos personagens dos meus livros. Conto a história da Tia Isolda, história contada por minha amiga Rô, Rosângela Lemos Pereira, sobre uma tia.




           A tia Izolda era como qualquer velhinha. Andava vestida de saias pretas e. blusas estampadinhas. Arrumava o cabelo em um coque. Solteirona em seus 80 anos vivia de casa em casa visitando os parentes.
          O que mais encantava os meninos era a curiosidade que Tia Izolda causava. Chegava com um guarda chuva, uma frasqueira,uma mala de mão e uma trouxinha de pano. Ninguém sabia o que tinha naquela trouxinha. Os meninos viviam curiosos: o que será que a tia traz na trouxinha?
           De tia Izolda se sabia que teve um amor. Ele era peão de boiadeiro e se apresentou na cidade quando ela era mocinha. De cavalo, flertou com Izolda. Ele se parecia com o cowboy da malboro e fumava com os mesmos olhos sedutores.
           Um dia, Tia Izolda morreu. Rô, uma das sobrinhas, ao saber do ocorrido, correu a procurar a tal trouxinha. Desamarrou um pano, tinha outro. Desamarrou o outro, tinha outro. O outro, tinha outro. O outro tinha outro. Quando chegou ao último pano, que era uma renda já se desmanchando, estava ali o segredo de Tia Izolda revelado: dentro da última trouxinha havia uma binga de cigarro Malboro. Seu único tesouro.


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